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passivos de barragens
2009-06-22

Quase um mês depois do rompimento da Barragem Algodões I, em Cocal (a 270 quilômetros de Teresina), que causou 11 mortes e destruiu 717 casas, as famílias desabrigadas vivem em escolas públicas e dormem em redes ou colchões no chão. Na Unidade Escolar Domingos Alves Gomes, no bairro São Pedro, 14 famílias ocupam salas. As crianças se banham com água acumulada em caixas, muitas vezes já usada pela escola. Outra preocupação são casos de dengue, que se multiplicam. Cerca de 3 mil estudantes estão com o ano letivo ameaçado.

As famílias receberam informações de que suas novas casas serão construídas em dezembro e estão preocupadas porque estão sendo pressionadas a abandonar os colégios para os alunos voltarem às aulas.

— O terreno para a construção das novas casas não foi comprado, não vou sair do colégio porque arrumaram algumas casas caindo aos pedaços. A gente correu para não morrer na barragem. A gente não vai sair do colégio para ir para um lugar deserto — disse Maria de Fátima Pereira, que perdeu duas filhas na enxurrada.

Entre os desabrigados, há um impasse. Alguns não querem voltar a Cocal. Temem que o Rio Pirangi provoque mais destruição, já que não existe mais barragem. Já Maria do Socorro Santos, que perdeu seis pessoas da família na enchente, quer voltar a Boiba, a localidade onde vivia. Além dela, sobreviveram o filho Weslley, de 10 anos, e seu pai, Antônio Alves dos Santos, de 62. Os três foram transferidos para uma casa alugada pela prefeitura de Cocal e que não tinha fogão, mesa, pratos, colheres ou outro utensílio doméstico.

— A comida que se ganha pomos no chão mesmo, porque não tem onde se colocar. Quero voltar, porque lá comecei minha vida. Tem outros lugares para fazer as casas.

(Por Efrém Ribeiro, O Globo / IHUnisinos, 21/06/2009)


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