Com o objetivo de compensar a fuga de financiadores privados depois da crise mundial e a queda na produção de grãos, o governo federal vai destinar R$ 107,5 bilhões para financiar a agropecuária brasileira na safra 2009-2010. O valor é 37,8% maior do que os R$ 78 bilhões da safra 2008-2009. A agricultura comercial ficará com R$ 92,5 bilhões, enquanto a familiar terá R$ 15 bilhões. No ciclo produtivo que se encerra, a agricultura comercial e a familiar tiveram, respectivamente, R$ 65 bilhões e R$ 13 bilhões, embora nem tudo tenha sido usado por várias dificuldades no acesso ao crédito, como o alto grau de risco dado aos produtores rurais e falta de licenças ambientais.
O Plano Agrícola e Pecuário 2009-2010 será lançado oficialmente nesta segunda (22/06) em Londrina, no Paraná, às 15h, pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e pelo ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes. De acordo com o Ministério da Agricultura (Mapa), o foco do plano é o incentivo ao médio produtor, ao cooperativismo e à produção com respeito ao meio ambiente.
O Programa de Incentivo à Produção Sustentável do Agronegócio (Produsa) — para recuperação de áreas degradadas — será ampliado de R$ 1 bilhão para R$ 1,5 bilhão. O Programa de Capitalização de Cooperativas Agropecuárias (Procap-Agro) terá R$ 2 bilhões e os recursos para o Programa de Geração de Emprego e Renda (Proger Rural) passarão de R$ 2,9 bilhões para R$ 5 bilhões. O montante para financiamentos de custeio e comercialização a juros controlados aumentarão 20,8%, atingindo R$ 54,2 bilhões. Além da criação de novas linhas de crédito, os limites também serão ampliados.
Os preços mínimos para 33 culturas foram reajustados, destacando-se produtos importantes como arroz (20%), leite (15%), mandioca (12%) e milho (6%). O objetivo das atualizações dos preços mínimos, segundo o Mapa, é atender tanto as necessidades do produtor quanto as do mercado nacional.
As discussões em torno do Plano Agrícola e Pecuário 2009-2010 vêm ocorrendo há vários meses, principalmente depois que a crise financeira mundial obrigou as tradings — multinacionais que financiam a produção por meio da compra antecipada ou fornecimento de insumos agrícolas — a tirar dinheiro investido no Brasil para compensar os prejuízos em seus países de origem. Segundo Stephanes, aos poucos esse dinheiro começa a retornar. A grande reclamação dos produtores, no entanto, mais até do que a quantidade de recursos, é a dificuldade de acessá-los devido à lentidão dos bancos para liberar os financiamentos.
(Agência Brasil / Zero Hora, 21/06/2009)