Recipientes com veneno teriam ficado enterrados por 30 anos
Diante da recusa e da falta de estrutura de centrais de tratamento de resíduos para receber frascos com agrotóxico que teria permanecido enterrados por três décadas, em Portão, no Vale do Sinos, técnicos e autoridades do município lutam contra o tempo para encontrar um local adequado para enviar o material. O terreno exala o cheiro do pesticida e já levou crianças e adultos ao hospital. Somente com a retirada de todos os frascos é que o local poderá ser liberado.
Quando os vidros foram encontrados, em 2008, por um morador, técnicos consideravam a possibilidade de ter de retirar até 20 frascos enterrados. Em meio à operação, esta semana, 400 vidros contendo o produto já foram contabilizados e estão isolados em um depósito até que tenham um destino apropriado. Enquanto o Ministério Público investiga a origem dos produtos e quem os teria enterrado, a prefeitura se articula para arcar com os gastos. Sem ter um local definido, para receber o material, a operação está suspensa temporariamente.
– Como se trata de um resíduo complicado, talvez tenhamos que mandálo para outro Estado, não temos um local apropriado aqui – lamenta o secretário da Indústria, Comércio e Meio Ambiente, Délcio da Silva.
O promotor de Justiça de Portão, Marcelo Tubino Vieira, destaca que a prioridade agora é a limpeza do terreno, mas que uma investigação será feita para apurar a responsabilidade do ato. Se identificado, o autor poderá ser enquadrado criminalmente.
– A informação que temos é desse produto como ele é hoje, mas como vamos saber como era naquela época, há 30 anos? – destaca Tubino.
Uma análise da Fepam mostrou que os frascos, sem rótulos, contêm o produto chamado Nitrosil, um composto que age como inseticida e acaricida e era aplicado em lavouras.
– A Fepam nos passou que esse inseticida não causa câncer nem mutação genética e não afeta a reprodução humana – diz a bióloga Gisele Pavão, técnica responsável pelo Departamento de Meio Ambiente de Portão.
Algumas famílias mais próximas da área foram retiradas de casa entre terça e quarta-feira.
(Zero Hora, 21/06/2009)