Cerca de 150 policiais militares não pouparam forças para combater o protesto de mais de 500 indígenas na região de Nonoai, no Norte gaúcho. O confronto ocorreu na manhã desta quinta-feira (18/06) durante a manifestação de indígenas no canteiro de obras da Usina Hidrelétrica de Monjolinho. Eles são contrários ao alagamento de parte de suas áreas que são ribeirinhas ao rio Passo Fundo.
Abílio Pendere Casemiro, liderança Kaigang, denuncia que os policiais chegaram a usar arma de fogo contra os indígenas. Ônibus que se dirigiam ao local do protesto com manifestantes teriam tido os pneus alvejados com tiros. “Esse confronto aconteceu às cinco horas da manhã. Inclusive eles nos atingiram com bomba de gás. Também achamos a casca de uma bala calibre 48. Eles machucaram os índios. Foi, por exemplo, ferido a mão de um índio. Os ônibus foram apreendidos. Os policiais furaram todos os pneus a tiros. Os índios Kaigang ficaram detidos por muitas horas dentro dos ônibus”, reclama.
Buscando denunciar a violência sofrida pelos policiais, representantes indígenas realizaram assembléia na câmara de vereadores da cidade juntamente com Procuradores do Ministério Público Federal. Abílio reclama que, além do alagamento das terras, a concessionária da barragem, Engevix, nega-se a negociar as indenizações.
“Nós já fizemos cinco propostas, mas a empresa não aceitou nenhum. Fizemos toda a documentação via Ministério Público e a Funai e mesmo assim eles não estão cumprindo. Ou seja, estão descumprindo com a comunidade indígena e com a lei. Eles tem que respeitar os nossos direitos. Eles têm que respeitar a nossa cultura e as nossas tradições. Mas o índio é discriminado por essas empresas”, conta.
(Por Joel Felipe Guindani, Agência de Notícias Chasque / IHUnisinos, 19/06/2009)