Os níveis de dióxido de carbono (CO2) no mundo são os mais altos dos últimos 2,1 milhões de anos, revelou um estudo divulgado nesta quinta-feira (18/06) pela revista Science. A pesquisa que, segundo seus autores, fornece novos dados sobre os ciclos de temperaturas na terra, descarta a teoria que afirmava que a queda nos níveis de CO2 na atmosfera tinha causado as eras glaciais. O estudo confirma, no entanto, que esses maiores níveis do gás coincidiram com intervalos de temperaturas mais altas no planeta.
Segundo os cientistas do Observatório Terrestre Lamont-Doherty, da Universidade de Columbia, em Nova York, os níveis de CO2 estiveram em uma média de somente 280 partes por milhão. Atualmente esses níveis são de 385 partes por milhão, ou seja, 38% mais alto. A equipe liderada por Bärbel Hönisch, geoquímica do observatório, reconstruiu os níveis de CO2 através da análise de plánctons do fundo do Oceano Atlântico, da costa da África. Com a medição da proporção de isótopos, os cientistas puderam calcular quanto CO2 havia no ar quando o pláncton ainda estava vivo. Esse método permitiu melhores registros que os conseguidos através da análise das camadas de gelo polar, de somente 800 mil anos, segundo o estudo.
O planeta sofreu mudanças cíclicas de temperaturas durante milhões de anos, mas, há 850 mil anos, os ciclos de glaciação foram mais prolongados e intensos, uma mudança que muitos cientistas atribuíam à queda nos níveis de CO2. No entanto, os cientistas de Lamont-Doherty indicaram que os níveis de CO2 durante essa transição foram semelhantes e é pouco provável que tenham ocasionado a mudança. "Este estudo indica que o CO2 não foi o principal desencadeante, embora nossos dados sugiram que os gases estufa e o clima global estejam vinculados", de acordo com o relatório.
(Estadao.com.br / AmbienteBrasil, 19/06/2009)