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energia nuclear no brasil exploração de urânio passivos da energia atômica
2009-06-17

O governo federal planeja implantar sete ou oito usinas nucleares entre 2010 e 2034. Depois da construção da usina de Angra III, as duas próximas unidades estão previstas para as regiões Sudeste e Nordeste, ainda sem locais definidos. A informação foi confirmada pelo ministro interino das Minas e Energia, Márcio Zimmermann, durante a audiência pública promovida pela Comissão de Minas e Energia para discutir a regulação do setor nuclear brasileiro.

A outra novidade foi apresentada pelo presidente da Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen), Odair Dias Gonçalves. Ele explicou que o Poder Executivo estuda criar uma agência governamental, nos moldes das já existentes em outras áreas, para controlar a geração e a exploração de energia nuclear no País. A base dessa agência reguladora seria a própria Cnen. O governo estuda também a possibilidade de criar novas empresas públicas para áreas como radiofármacos.

Reservas de urânio
Márcio Zimmermann explicou que a energia nuclear é uma das mais atrativas para o País, já que uma das maiores reservas de urânio do planeta se encontra em solo brasileiro. Para ele, se a energia hidrelétrica é a prioridade nacional, a geração de energia nuclear pode ser uma ótima fonte complementar para evitar futuros racionamentos no País.

Zimmermann citou a França, país com a tecnologia de energia nuclear mais desenvolvida, como um exemplo de grande exportador de energia. Para ele, o modelo francês, com uma estratégia governamental unificada, deve ser seguido pelo País. "O Brasil é um dos países do mundo que possui tecnologia, conta com as reservas e, por isso, pode explorar como poucos a energia nuclear", defendeu.

O presidente das Indústrias Nucleares do Brasil (INB), Alfredo Tranjan Filho, aplaudiu o plano de construir novas usinas. Ele explicou que, para que o País tenha material suficiente para todas as usinas, será necessária uma grande ampliação na exploração de minérios. "Atualmente, a mais importante mina de urânio nacional, localizada em Caetité (BA), produz 400 toneladas de urânio por ano, mas isso deve dobrar até 2011 e triplicar até 2013", relatou. Ele acrescentou ainda que outra grande jazida, em Santa Quitéria (CE), também será explorada ao longo da próxima década.

Consumo crescente
O diretor-presidente da Eletronuclear, Othon Luiz Pinheiro da Silva, lembrou que o Brasil foi um País privilegiado no passado, pois conseguiu, graças à energia hidrelétrica, providenciar energia suficiente durante todo o século XX para uma rede integrada do Sul ao Nordeste, que equivaleria a construir uma rede elétrica de Lisboa até Moscou. No entanto, segundo ele, neste século esse tipo de energia não será mais suficiente para proporcionar o crescimento desejado.

Zimmermann comparou o consumo de energia por habitante no Brasil com o de outros países para apontar que ele ainda pode subir, relacionado ao desenvolvimento econômico do País. "O Brasil tem um desafio muito grande de ampliar sua produção energética ao longo dos próximos vinte anos, mas mantendo ela limpa", afirmou.

MMA e Ibama apoiam
A representante do Ministério do Meio Ambiente, Sandra Cecília Miano, responsável-técnica da área nuclear no Ibama, disse que o ministério e o instituto não enxergam qualquer problema no crescimento da exploração nuclear no País. "Tanto as jazidas em atividade quanto as previstas são subterrâneas e, ao contrário do que alguns dizem, não oferecem risco algum à população", afirma. Ela defendeu que é necessário desmistificar a energia nuclear. "As pessoas precisam entender mais para ter menos medo desse tipo de energia", declarou. O único questionamento feitou por Sandra Miano foi com relação ao local em que devem ficar as próximas usinas nucleares previstas.

O presidente da Comissão de Minas e Energia, deputado Bernardo Ariston (PMDB-RJ), concordou com a representante do Ibama. Para ele, o papel da Câmara dos Deputados no processo passa por desmistificar o setor nuclear para que a população tenha menos medo e mais informações sobre a importância dessa energia para o Brasil. "Tão importante que esses seis outras usinas poderão modificar a política energética do País", disse.

(Por Juliano Pires, com edição de Patricia Roedel, Agência Câmara, 16/06/2009)


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