Samarco, Petrobras e Vale continuam causando problemas aos pescadores de Ubu e Parati, no sul do Estado. A Associação de Pescadores de Ubu e Parati (Apup) denuncia que as empresas não cumprem as exigências acordadas durante as reuniões e só apresentam projetos de compensação ambiental que não contemplam os prejuízos ambientais que geram na região. Os pescadores se dizem exaustos. Afirmam que, independentemente do número de reuniões, seus direitos vêm sendo desrespeitados pelas grandes empresas. Eles reclamam da falta de compromisso com os acordos firmados e denunciam o uso de equipamentos sem o aviso prévio aos pescadores, destruindo os equipamentos de pesca utilizados por eles.
Em uma última ação da Petrobras, os pescadores perderam seis redes de pesca. Quatro foram danificadas e duas desapareceram depois de serem arrastadas por mais de 500 metros pela balsa Equipemar, da empresa Sub-sea, utilizada pela Petrobras para a instalação de um gasoduto próximo à praia do Além, em Ubu. Os tripulantes da balsa foram procurados pelos pescadores, mas se recusaram a atendê-los.
Segundo a carta emitida pela Apup, durante 30 anos a Samarco tem dificultado a vida dos pescadores que só conhecem este ofício para sobreviver, e dentro deste cenário também entraram a Vale e a Petrobras. Depois de quatro reuniões para discutir o local do bota-fora da dragagem realizada pela Samarco, por exemplo, os pescadores foram prejudicados por atrasos na obra em mais de quinze dias, prejudicando a pesca e a sustentabilidade das famílias. O volume de material dragado também foi alterado, segundo os pescadores.
A Samarco também teria que apresentar um estudo sobre o impacto de suas atividades no desembarque do pescado, mas também atrasou no estudo e apresentou apenas projetos que não contemplam os prejuízos gerados por ela. “Com um ano e um mês depois, quando o estudo deveria ser apresentado, eles alegaram que o computador da empresa Cepemar, que continha os dados fornecidos pelos pescadores, havia sido roubado”, diz a carta da Apup.
Neste contexto, eles prometem que vão chamar a atenção das autoridades e das empresas para que respeitem o ofício da comunidade. Ao todo, 200 pescadores vivem da pesca artesanal na praia de Ubu e Parati, em Anchieta. Com as perfurações e dragagens feitas na região, peixes como robalos, anchovas e pescadinhas, que eram fartos na região, já não são encontrados com tanta freqüência. O marisco da região também é frequentemente contaminado pelo óleo, segundo os pescadores.
(Por Flavia Bernardes, Século Diário, 16/06/2009)