Alguns dos maiores nomes entre as empresas australianas, incluindo gigantes como Rio Tinto e Woodside, podem ser investigadas por agências de defesa do consumidor sendo acusadas de mentirem em ações relacionadas às mudanças climáticas. A Fundação Australiana para a Conservação (ACF - Australian Conservation Foundation) pediu à Comissão Australiana para a Competição e o Consumidor (ACCC - Australian Competition and Consumer Commission) para investigar se seis empresas têm mentido em declarações públicas sobre o impacto das políticas climáticas para ganhar benefícios do governo de centro-esquerda.
Além da Rio Tinto e da Woodside, as empresas incluídas na queixa incluem a companhia londrina de mineração Xstrata, a principal produtora de materiais para construção da Austrália chamada Boral, a Cltex Austrália que refina petróleo e a BlueScope Steel, maior fabricante de aço do país. “Alguns dos maiores poluidores corporativos da Austrália parecem estar apresentando os piores cenários para o governo e o público em um esforço para ganhar permissões (de emissão) gratuitas excessivas, apesar de apresentarem para os investidores os melhores cenários, com o objetivo de manter os preços das ações em alta”, declarou na segunda-feira o diretor executivo da ACF Don Henry.
A ACF estima que as seis maiores poluidoras da Austrália ganharão no mínimo A$ 1,1 bilhões (US$ 896 milhões) em compensações extra com as recentes modificações sobre os planos governamentais para um esquema de comércio de emissões, atualmente no parlamento. O esquema deve iniciar em 2011 e tem como objetivo remodelar a economia australiana de A$ 1,1 trilhões para cortar as emissões de dióxido de carbono. A ACF, oposta às demandas corporativas para maiores benefícios, disse que permissões de emissão gratuitas para os grandes poluidores significam que o governo dará A$ 16,4 bilhões em compensações, com A$ 11,7 bilhões direcionados para apenas 20 empresas.
Henry alega que há evidências claras para a investigação das seis empresas por possíveis quebras do Ato de Práticas Comerciais, que é regulado pela ACCC, já que as declarações públicas sobre as políticas climáticas não batiam com as informações fornecidas aos acionistas. Uma porta-voz da ACCC disse que a decisão de aceitar a queixa ainda não havia sido tomada.
Mas nas seções do Ato que discorrem sobre comportamento enganoso, a ACCC pode pedir as empresas a aceitação de medidas legais para corrigir as infrações. Enquanto isso, autoridades do estado de Victoria disseram estar levando a sério as ameaças de violência contra do chefe executivo da usina de energia à carvão de Hazelwood com a intensificação dos debates sobre o esquema de comércio de emissões do governo.
A Frente para Liberação da Terra não pode ser subestimada, sendo que autoridades norte-americanas classificam este grupo militante como uma ameaça à segurança, comentou o Ministro de Energia e Recursos de Victoria Peter Batchelor. Dois comitês da câmara alta do Senado australiano estão para entregar relatórios sobre as leis de comércio de emissões hoje. Não há sinais de que o governo conseguirá passar os planos pela câmara alta do Senado até o final da semana, quando o parlamento entra em um longo recesso de inverno.
(Por Rob Taylor, Reuters / CarbonoBrasil, 15/06/2009)