Marcos Buckeridge, revisor de relatórios do órgão, afirma que não é possível dar resposta final para as causas do aumento da temperatura do planeta

As reais causas do aquecimento global parecem não ser tão certas quanto foram apresentadas pelo último relatório do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPPC, da sigla em inglês), publicado em 2007. Segundo o revisor de relatórios do IPCC, Marcos Buckeridge, a transdisciplinaridade dos estudos apontam que o aquecimento global seria causado pelo homem, porém isso ainda não é uma certeza. O que pauta as previsões do órgão ligado à Organização das Nações Unidas (ONU) é a quantidade de estudos sobre as emissões de gases de efeito estufa. “O que você tem sobre a influência do homem é muito maior. Ainda não é possível dar uma resposta final sobre isso, mas a grande carga de trabalho que existe é mais para o lado da influência do homem”, justifica Buckeridge.

Outra versão sobre as causas do aquecimento global, apontada por astrônomos e bastante estudada pela Agência Espacial Norte Americana (NASA), seria a das explosões solares, quando o astro libera mais energia que o normal e esta é sugada pelo campo magnético da Terra. De acordo com a NASA, a forte radiação atinge a atmosfera terrestre em oito minutos. As pesquisas realizadas pelo IPCC mencionam o fenômeno, mas não contemplam o estudo de forma efetiva. O eixo principal são os gases do efeito estufa e os efeitos da ação do homem no uso da terra.

Tragédias ambientais  
Tragédias ambientais, como a queda da barragem Algodões 1 em maio, na cidade de Cocal da Estação, norte do Piauí, provocada pelas chuvas intensas das últimas semanas, ou o Catarina, ciclone tropical que atingiu a costa do estado de Santa Catarina, em 2004, são precipitadamente atribuídas a mudanças nos padrões climatológicos em decorrência do aquecimento global. Contudo, Buckeridge afirma que não é possível relacionar os fenômenos com o aumento da temperatura da terra. Isso ocorre, pois é alto o nível de incerteza que existe sobre as variações naturais dos padrões de chuva. “Tais variações são muito grandes, então é muito fácil confundir variações que são naturais, do planeta, que conhecemos ou que ainda não conhecemos, com as mudanças climáticas, não dá mesmo para relacionar”, afirmou Buckeridge.

(Erik Bernardes, CarbonoBrasil, 15/05/2009)