Paradoxalmente, no sudeste americano, árvores estão contribuindo para poluir o ar e diminuir as temperaturas enquanto o resto do globo se aquece
Em dias de muito calor, árvores e outras plantas emitem compostos orgânicos voláteis, como o isopreno. Esses compostos se combinam com a fuligem (produzida por humanos) e outros aerossóis resultando em uma névoa fresca, observa o cientista ambiental Allen Goldstein, da University of California, em Berkeley.
Goldstein e seus colegas utilizaram dados de satélites e de sensores no solo para medir a poluição do ar. Segundo descobertas publicadas no Proceedings of the National Academy of Sciences, com o passar do tempo e o aumento do nível de monóxido de carbono presente na atmosfera, o resfriamento induzido pela névoa superou o calor. “Ninguém até agora havia percebido que a formação de uma quantidade suficiente desses aerossóis poderia contribuir para o resfriamento de toda a região”, avalia Goldstein.
É claro que, para simular o efeito em outros ambientes (ou em escala global), seria necessário haver uma emissão constante de aerossóis em quantidades que mudariam a cor do céu de azul para cinza e seriam prejudiciais à respiração. É pouco provável, portanto, que a névoa produzida por plantas se torne uma solução de geoengenharia no futuro próximo.
No entanto, os resultados encontrados até agora são suficientes para explicar por que as temperaturas do sudeste americano estão diminuindo, mesmo com o aumento dos níveis de CO2 no planeta. Isso não quer dizer que o número de árvores tenha aumentado, mas que, agora, os cientistas encontraram formas mais eficientes de medir poluentes e seus efeitos nas temperaturas locais.
(Por David Biello, Scientific American Brasil, 03/06/2009)