Imazon analisou 51 processos de crimes contra parques e reservas do Pará. Por causa da demora da Justiça, 15% dos casos prescreveram
Quem desmata, retira ouro, abre estradas ou mata animais dentro de parques e reservas na Amazônia tem poucas chances de ser punido. Um estudo publicado nesta segunda-feira (15/06) pelo Imazon (Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia) revela que apenas 14% dos processos contra crimes ambientais nesses locais resultam em algum tipo de responsabilização.
A ONG analisou 51 casos ocorridos no Pará. Por demora da justiça e dos órgãos ambientais, pelo menos 15% deles prescreveram. A duração média dos processos, desde a investigação até a sentença, foi de cinco anos e meio. Outro problema identificado pelo Imazon foi que a justiça raramente exige a reparação dos danos ambientais. Na maior parte dos casos, as indenizações pagas pelos criminosos eram destinadas a instituições de assistência social, sem nenhuma relação com o meio ambiente.
Desmatamento sem fim
Aproximadamente 42% da Amazônia brasileira estão dentro de parques, reservas ou terras indígenas. A proteção, contudo, nem sempre é eficaz. Nos últimos nove anos, 22,5 mil quilômetros quadrados de florestas tombaram nesses locais, segundo o Imazon. A área desmatada equivale a metade do estado do Rio de Janeiro, ou o estado de Sergipe inteiro. A impunidade contra os devastadores também se revela no baixo pagamento das multas ambientais. Segundo o estudo, menos de 5% do valor total das multas relacionadas a desmatamento foram pagas ao Ibama entre 2001 e 2005.
A principal solução proposta pelo Imazon para melhorar a tramitação dos processos ambientais é criar setores especializados nos órgãos federais. Assim, Polícia Federal, Ministério Público e Justiça Federal poderiam atuar com maior rapidez e precisão na investigação e punição das infrações.
(Globo Amazônia, 15/06/2009)