Quase nove mil toneladas de lixo produzidas por dia esgotam os aterros sanitários cariocas e degradam o meio ambiente. Cada morador do Rio de Janeiro gera, em média, 1,5 kg de resíduos por dia. A fim de reduzir esse número, foi implantada a Gestão Integrada de Resíduos Sólidos, instituída pela Lei Municipal 4.969, de 2008, mas ainda em instalação. Uma das ferramentas da nova política é a coleta seletiva de lixo que ainda enfrenta resistência quando comparada com outras metrópoles como Curitiba.
De acordo com a Comlurb (Companhia Municipal de Limpeza Urbana), cerca de 25% de todo o lixo produzido pode ser reciclado, mas na capital fluminense o nível de aproveitamento beira apenas 3% do total. Poucos domicílios do Rio fazem a separação de materiais orgânicos e recicláveis.
– Essa gestão integrada muda completamente a filosofia do tratamento do lixo – afirma a vereadora Aspásia Camargo (PV), autora do projeto. – Antes, tínhamos uma lei de limpeza pública, cheia de falhas, porque não existia um saneamento ambiental, nem políticas conjuntas do tratamento dos resíduos sólidos na cidade.
De acordo com a vereadora, o objetivo principal é desagregar o composto jogado fora para aumentar o aproveitamento. Porém, a separação deve ser feita no início do processo para evitar perdas com a contaminação do material e eventuais desperdícios. Até podas de árvores podem ser aproveitadas na indústria moveleira para confecção de imobiliários. A primeira medida da gestão integrada impõe a coleta seletiva em todos os órgãos municipais, como crechês, escolas, hospitais e outras dependências, mas para o projeto ter sucesso precisa da adesão dos habitantes da cidade.
– A população precisa entender que a coleta seletiva é um instrumento da política de reciclagem, na qual há economia de matérias primas e energia – explica José Henrique Penido, assessor técnico da Comlurb.
A coleta seletiva feita pela empresa acontece em 42 bairros do Rio, nos quais o caminhão passa uma vez por semana, em um dia em que não ocorre a captação do lixo tradicional. Nos bairros onde não há busca porta-a-porta, existem os eco-postos e escolas municipais com caçambas que recebem os materiais recicláveis.
– Há também, na cidade, a coleta informal, feita por catadores. Nós não temos nada contra eles (catadores), somos contra a coleta selvagem, aquela em que rasgam o saco de lixo e sujam a ruas da cidade – pondera Penido.
O assessor técnico aconselha que o lixo seja colocado, de preferência, em sacos transparentes, para facilitar a identificação. Segundo Penido, a adesão dos síndicos e porteiros é fundamental, porque o Rio é uma cidade constituída predominantemente por prédios. Todo o material recolhido pela Comlurb é doado a cooperativas de catadores que separam os materiais (plástico, metal, papel e vidro) e depois comercializam com indústrias de reciclagem. O Rio conta com cerca de 20 cooperativas. Ao todo, cerca de 10 mil pessoas trabalham no setor e conseguem rendimento médio de 1,5 salário mínimo por mês.
(Por João Paulo Aquino, JB Online, 13/06/2009)