Cultura marginal até bem pouco tempo, a canola virou a estrela em ascensão entre as culturas de inverno no Rio Grande do Sul. Os gaúchos devem triplicar a área em relação à safra passada para atender à crescente demanda de empresas pelo grão para a produção de biodiesel, um mercado que ampliou as possibilidades para produtores que atendiam até então apenas a demanda do mercado de óleo comestível. Até o fim do mês, a expectativa é que sejam implantados 27 mil hectares. Somente os agricultores integrados à BSBios concentram 10 mil hectares.
Apesar do crescimento, a produção desta safra atenderá somente a um mês de produção de biodiesel na usina da BSBios, em Passo Fundo. Por isso, a intenção é que essa área chegue a 100 mil hectares nos próximos oito anos, diz o presidente empresa, Erasmo Battistella. A indústria fará o mesmo trabalho de fomento desenvolvido com os gaúchos entre os produtores paranaenses para abastecer a usina comprada em Marialva (PR) e que começa a funcionar em janeiro de 2010.
A cultura está sendo impulsionada por ações de estímulo público, como o zoneamento agroclimático e o crédito subsidiado, e também privado, com o fornecimento de sementes adequadas, assistência técnica e financiamento de projetos para a adaptação de equipamentos de colheita. Além destas iniciativas, o aumento de área tem um ingrediente adicional: as adversidades comerciais enfrentadas pelos triticultores.
Desestimulados pelos baixos preços do trigo e atraídos pela garantia de mercado e preço, muitos migraram para a canola ou destinaram parte de sua área para ela, explica o gerente regional adjunto da Emater Passo Fundo, Cláudio Dóro. Com demanda industrial superior à produção, ao assinar contrato com empresas o produtor gaúcho recebe pelo menos o mesmo valor que a soja. E quem colhe dentro da média de 25 sacas por hectare tem retorno financeiro garantido, pois cobre o custo com 12 sacas. 'Tudo o que produzir, vende e com rentabilidade. É um mercadão aberto'.
Para que a atividade cresça sem percalços, técnicos orientam o uso somente de sementes certificadas e que evitem a mancha preta. O emprego de materiais não resistentes à praga até reduz custo, mas tende a comprometer rendimento e qualidade. As empresas integradoras trabalham exclusivamente com semente importadas, pois não existem variedades comerciais no Brasil.
(Por Patrícia Meira, Correio do Povo, 14/06/2009)