A dolorosa rotina de ficar sem água durante metade de cada dia será retomada a partir deste domingo (14/06), em Bagé, na Campanha. O município vai mais uma vez iniciar um racionamento de 12 horas diárias. É o legado da falta de investimentos de quase 20 anos. A forte seca deste ano forçou Bagé a voltar a reduzir o fornecimento. A rotina é praticamente a mesma de sempre: falta chuva, falta água para a população.
– A situação que estamos vivendo é por uma força dos elementos da natureza, uma estiagem prolongada no Estado. Foi necessário essa medida e esperamos contar com a população – diz o prefeito Dudu Colombo (PT).
Mas os poucos investimentos, desde que os problemas com abastecimento começaram, deixaram Bagé nessa situação. A cidade conta com uma estrutura para acumular água incompatível com o consumo da população. A chegada da Barragem de Arvorezinha, que tem sua obra prevista para iniciar no segundo semestre deste ano, é a solução esperada. Contudo, a necessidade dela já se fazia em 1989, quando o primeiro grave problema no abastecimento do município foi deflagrado após uma forte seca que atingiu a Campanha. Desde então, as medidas tomadas não foram suficientes para deixar a população tranquila.
Nos últimos anos, com os racionamentos mais frequentes, o Departamento de Água e Esgotos de Bagé (Daeb) tratou de amenizar os problemas com o abastecimento. Foram distribuídas cerca de 5 mil caixas d’água para a população mais pobre e o número de hidrômetros instalados nas casas passaram de 30% para 70% da área urbana da cidade.
– As pessoas que tiverem caixas d’água e souberem gerenciar e racionalizar a água armazenada poderão seguir realizando normalmente as suas rotinas diárias – avalia o diretor de Captação e Tratamento do Daeb, Sérgio Rodrigues.
A dolorosa rotina
Bagé registrou a pior seca em 1989. Na época, as barragens quase secaram e o abastecimento foi quase interrompido por completo. Foi quando os problemas foram deflagrados. As duas principais barragens de Bagé, a Sanga Rasa e a Piraí, são da década de 70 e juntas conseguem armazenar 4 bilhões de litros de água. Após 1989, um terceiro reservatório foi construído, a Barragem Emergencial, com capacidade de acumular mais 1 bilhão de litros.
O reforço foi insuficiente. Alguns racionamentos foram feitos na década de 1990. O problema maior veio em 2005, quando a seca voltou com força ao Estado e deixou as barragens quase sem água. Em dezembro daquele ano, iniciou-se um racionamento da cidade de 18 horas diárias. O processo foi até junho de 2007. Em abril de 2008, um novo corte parcial no abastecimento foi necessário, perdurando por três meses. Neste domingo, o racionamento será semelhante ao do ano passado: 12 horas diárias, com a cidade dividida em duas partes.
(Por Ronan Dannenberg, Zero Hora, 13/06/2009)