Por ser alvo de constante pressão dos madeireiros, a região noroeste do Pará, onde está localizada a Terra Indígena Alto Rio Guamá, foi escolhida pelo governo do estado e pelo Instituto de Desenvolvimento Florestal do Estado do Pará (Ideflor) para ganhar o primeiro poço de carbono do estado. O empreendimento significa um novo conceito de negócio, onde se tenta atrair parceiros capitalistas para injetar recursos financeiros em programas de florestas plantadas.
Um grupo de franceses, liderado pela Office National des Forêts, o serviço nacional de florestas da França, esteve em Belém há duas semanas para prospectar negócios. Por enquanto, não se fala em volume de recursos a serem aplicados, mas o objetivo do governo é discutir parcerias com o setor privado para criar projetos de crédito de carbono na Reserva Extrativista Ipaú/Anilzinho, que fica no município de Baião, no nordeste do estado. A área tem 55 mil hectares e 10 mil hectares estão desmatados.
A parceria vai viabilizar o primeiro poço de carbono do Pará, que será criado a partir de florestas plantadas com capacidade para absorver gás carbônico (CO2) liberado na atmosfera. As populações tradicionais que vivem nestas reservas extrativistas e os índios são, segundo levantamento feito pelo Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), responsáveis pela preservação de cerca de um milhão de quilômetros quadrados de florestas tropicais.
Apesar do assédio de madeireiros nas terras indígenas e reservas extrativista, os índios têm resistido bravamente. Tanto assim que nestes territórios, o percentual de desmatamento é de apenas 1% a 3%.
(Por Liana Melo, O Globo / IHUnisinos, 07/06/2009)