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lixo tecnológico / eletrônico política ambiental de MG
2009-06-12

O que fazer com a geladeira velha no canto da cozinha? Ou mesmo com o computador antigo, sem capacidade sequer de suportar a internet do século 21? A tecnologia que muda a passos largos deixa para trás um lixo eletrônico rico e perigoso sem qualquer destino. Levantamento inédito da Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam) revela dados alarmantes sobre resíduos eletroeletrônicos em Minas: somente os mineiros geram, por ano, 69 mil toneladas de lixo, o equivalente ao peso de uma manada de mais de 13 mil elefantes. No Brasil esse número chega a 680 mil toneladas/ano. Para evitar a contaminação do solo, a Feam vai propor normas que responsabilizam toda a cadeia produtiva, dos fabricantes ao consumidor. O objetivo é estabelecer um destino seguro a esse tipo de resíduo.

Na segunda-feira (08/06), no Centro Mineiro de Referência em Resíduos (CMRR), no Bairro Esplanada, Região Leste de BH, o presidente da Feam, José Cláudio Junqueira, e outros especialistas mostraram que em Minas cada habitante produz, anualmente, 3,3 quilos de resíduos eletroeletrônicos, como celulares, máquinas de lavar roupas, freezers e televisores. Na região metropolitana a média é ainda maior (3,7 quilos), superior ao índice nacional, que é de 3,4 quilos de lixo tecnológico por habitante. Para fazer o estudo, os pesquisadores levaram em conta dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) além de outros levantamentos nacionais. Eles traçaram uma linha do tempo, de 2001 a 2030, e identificaram a geração atual e futura de lixo tecnológico.

“Considero a quantidade de resíduos eletroeletrônicos produzida em Minas muito elevada. E esse número ainda está subestimado, pois calculamos que, em cada moradia, há apenas um televisor, uma geladeira, por exemplo. Faremos as normas, de acordo com nosso diagnóstico e vamos nos basear em regras nacionais, estaduais e estrangeiras. Precisamos de uma política eficaz para reduzir o impacto provocado por esses resíduos, pois a tendência é que o descarte aumente ainda mais”, afirma Junqueira. Ele acrescenta que em junho de 2010, as normas já estejam estabelecidas no mercado de consumo.

O presidente avalia que uma das formas de incentivar os fabricantes, importadores e comerciantes seria a redução de impostos ou a criação de outros incentivos para aqueles que recolherem produtos que esgotaram o seu tempo de vida útil; vendam produtos ecológicos;ou desenvolvam tecnologias para a separação de componentes, como placas de computadores, que contêm metais pesados.

“Não há empresas especializadas em Minas que separem ou recondicionem adequadamente esse tipo de lixo. Com as normas, queremos capacitar pessoas a retirar as partes recicláveis e tóxicas das geladeiras, computadores, máquinas de lavar roupas e celulares, por exemplo. Hoje, infelizmente, há catadores ou funcionários de ferros-velhos que quebram as partes e retiram o plástico e o metal, mas no meio disso, há substâncias químicas perigosas, como o chumbo e mercúrio”, diz Cláudio Junqueira.

Enquanto a regularização não chega, o mecânico Davidson Romualdo da Silva, de 53 anos, acumula em seu quarto um computador velho e várias peças eletrônicas, como rádios, mouses, teclados, entre outras. “Eu não tive nem coragem de doar, pois o computador realmente não funciona. Não dá para colocar nem internet. Como não há lugar para destinar esses materiais, fico com eles em casa. Esse tipo de lixo é muito difícil, pois ocupa um espaço danado e, ao mesmo tempo, há produtos perigosos”, afirma

A analista ambiental da Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam) e especialista em gestão de resíduos sólidos, Rosana Franco, reforça que na Europa e Estados Unidos o fabricante é responsabilizado pelo descarte do produto que, por algum motivo, não serve mais. “Consideramos equipamentos eletrônicos tudo que se liga na tomada ou que precisa de pilhas e baterias para funcionar. Sugerimos que, ao descartar um produto desses, o consumidor ligue para a empresa que o produziu e pergunte sobre a política de triagem e de recolhimento desses materiais”, diz Rosana.

(Por Ingrid Furtado, Estado de Minas, 09/06/2009)


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