O primeiro-ministro espanhol, José Luís Rodríguez Zapatero, garantiu nesta quarta-feira (10/06) que cumprirá o seu “compromisso eleitoral” de substituir de forma “gradual, ordenada e razoável” as usinas nucleares espanholas “por energias renováveis”. Isso acontecerá “sempre que esteja convenientemente garantida a segurança do fornecimento a todos os cidadãos e empresas” do país, afirmou Zapatero no Congresso de Deputados, em Madri. “Vou cumprir o programa eleitoral”, disse, em resposta a uma questão do deputado de Os Verdes, Joan Herrera, que exigiu ao governo espanhol o fechamento da central nuclear de Santa María de Garoña (em Burgos), cuja vida útil termina em 2011.
Zapatero explicou que a decisão será “coerente com os compromissos programáticos” do seu partido, se recusando a dar mais detalhes, pois a decisão “deve respeitar os procedimentos legais”. O governo, disse, está atualmente a “avaliar e a analisar” o relatório do Conselho de Segurança Nuclear (CSN) espanhol, que “aborda apenas o que se refere à segurança, mas não outros temas que têm de ser tidos em conta na decisão, como a política energética”.
Renovação
O chefe do Executivo espanhol explicou na terça-feira (09) no Senado que seu governo se pronunciará no prazo previsto (até 5 de julho) sobre o pedido de renovação por 10 anos da licença de exploração da central. No início deste mês, o CSN recomendou ao governo espanhol a renovação por 10 anos da licença de exploração da mais antiga das seis usinas nucleares do país. O relatório da entidade reguladora indica que a central, construída há 38 anos, pode ser explorada com toda a segurança por mais 10 anos.
O prolongamento da licença seria um retrocesso de Zapatero, uma vez que sempre defendeu o, tendo já fechado várias, uma decisão que não foi consensual no Partido Socialista Operário de Espanha (Psoe). Um grupo de reflexão do Psoe entregou um relatório no mês passado que defende o encerramento de todas as centrais nucleares de Espanha até 2050, momento em que toda a energia do país deverá ser renovável. No entanto, o partido e o governo estão divididos em relação ao assunto porque alguns setores defendem que a energia nuclear permite reduzir o volume de importações de petróleo do país. Espanha tem seis usinas ativas, com um total de oito reatores que produzem cerca de 20% da eletricidade consumida no país, segundo o Conselho de Segurança Nuclear.
(Lusa, 10/06/2009)