Um estudo realizado com o apoio da ONU mostrou na quinta-feira (11/06) que as mudanças climáticas vão agravar desastres naturais, e que os moradores de países em desenvolvimento como Dominica, Vanuatu, Mianmar e Guatemala são os que correm risco maior. O estudo exortou os governos a investir centenas de bilhões de dólares para combater o impacto crescente de catástrofes como ciclones, enchentes, secas, deslizamentos de terra, terremotos e tsunamis.
"O risco é sentido mais agudamente por pessoas que vivem em favelas e em áreas rurais pobres", escreveu o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, no relatório lançado durante as conversações climáticas da ONU realizadas em Bonn entre 1 e 12 de junho, nas quais se trabalha sobre um novo tratado de combate ao aquecimento global. "As mudanças climáticas vão ampliar a distribuição desigual do risco, reforçando ainda mais os impactos de desastres sentidos pelas comunidades pobres dos países em desenvolvimento", disse o Relatório de Avaliação Global de Redução de Riscos de Desastres.
Andrew Maskrey, o autor principal do relatório, disse que os países em desenvolvimento que têm as populações maiores - liderados pela China, Índia, Bangladesh e Indonésia-- são os que sofrem as maiores fatalidades em decorrência de desastres naturais. "Mas é preciso pensar também em termos relativos à proporção da população que está em risco", disse ele em coletiva de imprensa. Segundo esse critério, os maiores riscos são corridos "sobretudo por países pequenos, muitas ilhas pequenas e países menores."
A lista é encabeçada por Dominica, no Caribe; Vanuatu, no Pacífico, além de Mianmar e Guatemala. Nesses países, os riscos de um indivíduo morrer em ciclones, enchentes, terremotos ou deslizamentos de terra é de perto de um em 10 mil por ano. A pesquisa não levou em conta os riscos de seca, critério que teria elevado o risco de países africanos. Os lugares mais seguros para se evitar desastres naturais, segundo o relatório, incluem Arábia Saudita, Omã, Bélgica e Grã-Bretanha. "Os países mais ricos não são imunes a desastres naturais, como os incêndios florestais na Austrália nos lembraram tragicamente no início do ano", escreveu Ban no relatório.
"Os riscos estão aumentando globalmente, mesmo sem levar em conta as mudanças climáticas", diz o relatório, sobretudo devido ao aumento da população mundial, com mais pessoas vivendo em áreas vulneráveis como planícies aluviais. O número de pessoas que vivem em assentamentos irregulares e clandestinos, mais expostos a riscos como tempestades e enchentes, é de 1 bilhão em todo o mundo e aumenta em 25 milhões a cada ano.
(JB Online / AmbienteBrasil, 11/06/2009)