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biocombustível de celulose fibra vegetal política energética
2009-06-12

Instituto de pesquisa a ser inaugurado em setembro tem investimento de R$ 69 milhões; objetivo é concorrer com EUA. Instalação em Campinas é a segunda do gênero no país; a primeira, inaugurada em 2004, em Piracicaba, está fechada "para reforma"

O Brasil deve iniciar neste ano um esforço para não perder a corrida dos biocombustíveis do futuro. Em setembro, começa a funcionar em Campinas (interior paulista) o Centro de Ciência e Tecnologia do Bioetanol, um instituto dedicado a pesquisar formas de obter o máximo de energia da celulose das plantas. A corrida pelo álcool de segunda geração vem sendo liderada pelos EUA, que investem maciçamente nessa linha de pesquisa. O objetivo é tornar o álcool de celulose comercialmente viável num prazo curto -menos de dez anos.

Isso permitirá transformar em combustível matérias-primas que hoje vão para o lixo, como a palha de cana, ou, no caso americano, um capim chamado "switchgrass" e também a palha do milho. O investimento inicial do MCT (Ministério da Ciência e Tecnologia) no projeto brasileiro é de R$ 69 milhões. Para comparação, os Estados Unidos vão investir US$ 1 bilhão em nove refinarias do tipo, entre 2008 e 2013. Para 2010 em diante, ano de mudança dos governos federal e estadual, não existe um orçamento definido. Não é a primeira vez que que se anuncia um centro nestes moldes no Brasil.

O Brasil hoje, como os demais países, usa comercialmente a chamada tecnologia de primeira geração de etanol. A sacarose da cana é fermentada para então dar forma ao álcool. Daqui em diante, entretanto, cientistas e empresas pensam no desenvolvimento da chamada segunda geração. Seu desenvolvimento envolve quebrar a parede celular da cana-de-açúcar, composta de celulose e potencialmente rica em energia. O problema é que a celulose não fermenta, e sua quebra precisa ser feita por meio de enzimas ou solventes. Até hoje não se conseguiu fazer isso em escala comercial, mas o prêmio para quem conseguir é grande.

"Pelos nossos cálculos, é possível ter um ganho de produção na mesma área plantada de cana da ordem de 40%", afirma o botânico Marcos Buckeridge, da USP, recém-escolhido diretor científico do CTBE. O grande ícone do novo centro, entretanto, deve começar a ser testado em janeiro. "Teremos uma planta piloto totalmente voltada para a segunda geração", diz Buckeridge.

O time de cientistas do CTBE terá 42 pessoas. Parte do grupo terá o desafio de quebrar a parede celular sem o uso de solventes caros e sem a produção colateral de muitos resíduos.
Em três ou quatro anos, calcula Buckeridge, esse campo de pesquisa deve começar a render frutos. Resta saber se no Brasil, nos EUA ou na Europa.

(Por Eduardo Geraque, Folha de S. Paulo, 11/06/2009)


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