Empresa atendeu pedido do Ministério Público Federal. Carnes teriam origem em áreas de desmatamento
O grupo Pão de Açúcar anunciou nesta quarta-feira (10/06) a suspensão das compras de carnes de onze frigoríficos localizados no estado do Pará. A rede varejista agiu em resposta a recomendação do Ministério Público no Pará, que identificou a suposta compra de gado produzido em áreas desmatadas recentemente e de forma ilegal no estado.
Em nota, a empresa afirma que “repudia qualquer ato praticado em desacordo com a legislação em vigor e que venha a acarretar danos ao meio ambiente”. “A companhia mantém vários mecanismos e ações como forma de coibir o comércio de produtos ligados às cadeias produtivas da pecuária que não cumpram legislações trabalhistas e ambientais, a começar pelos nossos contratos de fornecimento. Neles, o fornecedor assina uma declaração comprometendo-se a atender as disposições especificas da legislação sobre proteção do meio ambiente e de segurança e medicina do trabalho”, informa a companhia.
Segundo o MPF, 21 fazendas embargadas têm rebanhos de gado no Pará. Elas vendem para 13 frigoríficos e curtumes da região. “A partir do momento que o frigorífico compra gado de um lugar que é embargado, o frigorífico é responsável solidário por aquele dano ambiental”, disse o procurador da Daniel Cesar Avelino, um dos autores da ação, quando anunciou as medidas do MPF. Os procuradores cruzaram dados e chegaram a uma relação de 72 empresas que compram desses frigoríficos - entre elas grandes redes de supermercados.
A ONG ambientalista Greenpeace fez um levantamento paralelo da cadeia da carne e do couro em estados amazônicos e concluiu que a produção da região abastece também o mercado externo.
Questionado sobre as acusações do Greenpeace e do MPF, o presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), que representa os maiores frigoríficos exportadores do Brasil, Roberto Gianetti da Fonseca, argumentou que seus associados não têm, de fato, como se certificar de que todo gado comprado na região amazônica não venha de áreas desmatadas ilegalmente, mas que estão empenhados em buscar uma forma de tornar a origem da carne rastreável.
(Globo Amazônia, 10/06/2009)