Pelo menos uma vez por semana chove querosene sobre as casas localizadas ao lado do aeroporto de Congonhas, segundo Nelson Piva, presidente da Associação de Moradores da Vila Noca e Vila Ceci. O relato foi confirmado por Renê Cadaval Junior, da Associação dos Moradores do Entorno do Aeroporto de Congonhas, em depoimento prestado à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que apura os crimes ambientais praticados na cidade de São Paulo. Atentos aos depoimentos, os integrantes da CPI prontamente fizeram requerimento para convocar o presidente da Agência Nacional de Aviação Civil e um técnico em aviação para entender por qual motivo vaza querosene sobre as casas, informa o assessor do Juscelino Gadelha, Edson Domingues.
De acordo com Piva, o que ocorre, nas aterrissagens, é um procedimento chamado refluxo de querosene, ou seja, quando o avião está para aterrissar, o piloto tem de limpar o combustível que fica nas turbinas, espalhando no ar o querosene. Ainda não há confirmação técnica de que isso ocorra com aviões, mas um técnico que pediu para não ser identificado informou que é improvável, por causa da temperatura dos motores. Para Gadelha, relator da CPI, é um absurdo que isso possa estar acontecendo sem ninguém tomar uma atitude para solucionar o problema.
“Por cima temos os aviões, o barulho, o querosene, e, por baixo, a fumaça preta dos caminhões que passam na avenida dos Bandeirantes. Nossas árvores não têm folhas verdes. Elas são pretas”, afirmou Piva. Os dois presidentes de associações de bairro relataram ainda à CPI que Congonhas está trabalhando muito acima de sua capacidade operacional, que é de transporte de 12 milhões de usuários por ano. “Congonhas opera com 18 milhões de passageiros por ano. Lógico que isso gera poluição maior do que a prevista e destrói a qualidade de vida de quem mora no bairro”, disse Cadaval.
Outra reivindicação das associações, relatada à CPI, diz respeito ao tráfego de helicópteros das emissoras de TV. Eles pediram aos vereadores que estabeleçam um limite de tempo para que helicópteros fiquem parados no ar enquanto fazem a cobertura jornalística. “O barulho é enlouquecedor. Tem de haver um limite”, afirmou Piva.
O vice-presidente da CPI, vereador Paulo Frange (PTB), contou aos membros da comissão que hoje os maiores interessados nos atrasos dos vôos de Congonhas são os lojistas. “Os empresários pressionam para aumentar os atrasos. Quando um vôo atrasa, as lojas vendem. Vôo no horário é sinônimo de vendas baixas”, segundo Frange.
(Por Carlos Rangel, DiárioNet, 09/06/2009)