A União Europeia está convencida de que não conseguirá produzir e que terá de importar biocombustíveis para cumprir a meta, aprovada no ano passado, de adicionar 10% de renováveis em sua matriz de combustíveis até 2020. Mas, de acordo com o conselheiro da delegação da Comissão Europeia no Brasil, Fabian Delcros, esse combustível, principalmente o etanol, terá de ser certificado e dentro dos padrões da UE. "Quem quiser exportar para a Europa precisa ter sustentabilidade e o Brasil até tem um programa nesse sentido", disse. "A questão é se há a compatibilidade desses programas e, para isso, o Brasil precisa apresentar o realizado aqui para um debate junto à União Europeia", afirmou o conselheiro, durante o Ethanol Summit, em São Paulo.
Delcros afirmou que a decisão da UE de importar biocombustíveis ocorre menos pelo impacto no aumento dos preços dos alimentos, que é mínimo e varia entre 3% e 10%, e mais pela necessidade de área para o cultivo agrícola necessário à produção. "Definitivamente, não há impacto dos biocombustíveis nos preços dos alimentos, mas como não queremos ocupar toda a área para a produção desses combustíveis na Europa, a decisão é de importá-los", explicou o conselheiro.
Milho
No mesmo painel do Ethanol Summit, o "Alimento versus Combustível: Dilema ou Dogma", o presidente do Conselho da Associação Nacional dos Plantadores de Milho dos Estados Unidos, Ron Litterer, disse que é um mito a ideia de que o uso do grão para a produção de etanol traz impactos nos preços de alimentos. "O aumento recente nos preços no ano passado ocorreu basicamente pelo aumento nos custos, graças à disparada nos preços da energia e da mão de obra, e ainda da bolha especulativa nos contratos futuros", disse.
Dados apontam, segundo Litterer, que cada dólar de aumento no preço da energia tem o triplo de impacto do dólar de aumento no preço do milho. Ainda de acordo com ele, o destino de milho para a produção de etanol, pela atual normativa americana de energia, deve ficar estável, em 4,1 bilhões de bushel, ou 104 milhões de toneladas, até 2020.
(Por Gustavo Porto e Eduardo Magossi, Agência Estado, 03/06/2009)