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fontes alternativas política energética
2009-06-09

O mundo deu uma guinada para um futuro mais sustentável. Pela primeira vez, os investimentos em energias limpas superam o uso de combustíveis fósseis. Apesar da crise econômica mundial, no ano passado foi investida a cifra recorde de US$ 155 bilhões em empresas e projetos de energias limpas, principalmente na eólica e solar, segundo o informe “Tendências mundiais dos investimentos em energia sustentável 2009”, do programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma).

Além disso, esse investimento superou em 5% os históricos gastos de 2007 nesta matéria, em grande parte seguindo os passos de Brasil, China e outras economias emergentes, destaca o estudo apresentado quarta-feira e que foi elaborado para a Iniciativa de Financiamento da Energia Sustentável do Pnuma pelo provedor global de informação New Energy Finance. Segundo Achim Steiner, diretor-executivo do Pnuma, “2008 foi o primeiro ano em que houve mais investimentos em fontes energéticas que não usam carbono do que na energia de alto uso de carvão e nuclear. Isso é muito significativo”, disse Steiner em uma entrevista à IPS.

O Pnuma está exigindo um “novo acordo verde” para impulsionar a economia mundial e usar os vários pacotes de estímulo econômico para investimentos em tecnologias limpas e infra-estrutura “natural”, como florestas e solos. Os especialistas afirmam que esta é a melhor aposta para um crescimento real, que combata a mudança climática e dispare um auge de emprego no século XXI. “Literalmente, há milhões de novos postos de trabalho que podem ser criados nos próximos anos”, disse Steiner. Energias renováveis como a eólica, solar, geotérmica e biomassa podem ser ampliadas rapidamente porque as tecnologias estão muito desenvolvidas e os custos caíram muito.

Por exemplo, em apenas oito anos a firma chinesa Suntech Power converteu-se na maior fabricante mundial de painéis solares, disse Steiner. No mesmo período, a China passou de praticamente nenhuma energia eólica a maior geradora mundial desse tipo de energia. “Agora as energias renováveis chegaram a um ponto de inflexão em que são tão ou mais importantes no mix global de energia que os combustíveis fósseis”, ressaltou. O investimento de 2008 representa uma alta mais do que quatro vezes superior em relação a 2004, segundo o informe, apresentado às vésperas do Dia Mundial do Meio Ambiente, comemorado na sexta-feira.

Dos US$ 155 bilhões, US$ 105 bilhões foram gastos diretamente no desenvolvimento de uma capacidade geradora elétrica de 40 gigawatts a partir de fontes eólica, solar, hidrelétrica, geotérmica e de biomassa. O vento atraiu a maior quantidade de novos investimentos (US$ 51,8 bilhões, 1% de crescimento em 2007), embora o sol tenha sido o que apresentou maiores ganhos (US$ 33,5 bilhões, 49% de crescimento). Por outro lado, os biocombustíveis tiveram redução de US$ 16,9 bilhões, o que representa queda de 9%. Outros US$ 35 bilhões foram gastos em desenvolver 25 gigawatts a partir de projetos hidrelétricos, segundo o informe.

Em 2008, pela primeira vez os investimentos dos países pobres aumentaram 27% em comparação com 2007, chegando a US$ 36,6 bilhões, o que representa quase um terço dos investimentos mundiais. A China liderou os novos investimentos com alta de 18% em relação ao ano anterior, chegando a US$ 15,6 bilhões, enquanto o Brasil aparece em segundo lugar com investimento de US$ 10,8 bilhões no etanol. Na Índia, os investimentos cresceram 12% em 2008, somando US$ 4,1 bilhões. E a África superou a marca de US$ 1 bilhão pela primeira vez em sua história. Por sua vez, os países ricos reduziram em 1,7% seus investimentos, em comparação com 2007.

Devido às condições do mercado, não surpreende que os investimentos do setor privado quase tenham desaparecido em 2008, mas os do governo aproveitaram esta situação em boa parte, e continua aproveitando em 2009. Porém, no primeiro trimestre deste ano os investimentos mundiais caíram 53% em comparação com 2008, e é provável que terminem sendo entre 25% e 35% menores em comparação com os do ano passado. E isto apesar dos bilhões de dólares de vários pacotes nacionais de estímulo econômico, disse Michael Liebreich, presidente do New Energy Finance.

Apenas cerca de US$ 180 bilhões foram destinados a projetos verdes, o que representa “uma porcentagem modesta”, afirmou Liebreich à IPS, acrescentando que não está claro quando realmente se gastará o dinheiro e que são necessários mais investimentos já. O Pnuma calcula que são necessários, no mínimo, US$ 750 bilhões (ou 37% dos atais pacotes de estímulo econômico e 1% do produto interno bruto global) para financiar uma recuperação econômica sustentável investindo para tornar mais amigáveis com o meio ambiente cinco setores chaves da economia mundial: construção, energia, transporte, agricultura e água. “São necessários muito mais investimentos para estabilizar as emissões de carbono”, disse Steiner.

 Desde o Quarto Informe de Avaliação do Grupo Intergovernamental de Especialistas sobre a Mudança Climática (IPCC) conclui-se que as emissões mundiais de carbono devem chegar ao seu ponto máximo por volta de 2015, para evitar as piores consequências da mudança climática. “O investimento em energias renováveis tem de chegar a 70% ou 80% de todos os gastos em energia para cumprir os objetivos de emissões de carbono dos países”, disse Michael Eckhart, presidente do Conselho Norte-americano de Energias Renováveis. Este ano é uma anomalia. O crescimento registrado nas energias limpas recomeçará no futuro próximo. O setor das energias renováveis será o primeiro a se recuperar”, disse à IPS.

E as iniciativas verdes podem receber um enorme impulso na conferência das partes da Convenção Marco das Nações Unidas sobre Mudança Climática, que acontecerá em dezembro em Copenhague. Um novo acordo climático, que suceda o Protocolo de Kyoto que espira em 2012, pode ser “o maior de todos os pacotes de estímulo às energias renováveis”, disse Steiner. Também afirmou que isso aumentaria os investimentos onde for necessário. É em Copenhague que os governos deverão chegar a um novo acordo climático, que leve segurança aos mercados de carbono e que possa fazer crescer os investimentos em tecnologias verdes, disse Steiner.

(Por Stephen Leahy, IPS / Envolverde, 08/06/2009)


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