Os países mais pobres do mundo sugeriram uma tarifa sobre o transporte aéreo para ajudar no combate às mudanças climáticas, mas setor rejeita proposta e anuncia um plano para reduzir suas emissões a partir de 2020
Reunidas em um encontro anual da Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA) em Kuala Lumpur, na Malásia, as maiores autoridades privadas do setor aéreo se mostraram completamente contrárias ao plano proposto pelos 50 países mais pobres do mundo para uma taxa sobre as emissões da aviação. Mas minimizaram essa postura ao anunciar que devem cortar em 100% suas emissões relativas ao crescimento do mercado a partir de 2020. “Somos absolutamente contra uma nova taxa. Já estamos esgotados de tantos impostos que somos obrigados a pagar. As companhias aéreas deveriam receber créditos de carbono para cada centavo que gastarem, seja em impostos, multas ou em pagamentos no comércio de emissões. Nós deveríamos pagar apenas uma vez”, declarou enfático Giovanni Bisignani, chefe executivo da IATA.
O plano da nova taxa foi apresentado na semana passada durante a rodada de negociações climáticas em Bonn, na Alemanha. A idéia sugere um aumento de 1% no custo das passagens, o que renderia quase US$ 10 bilhões por ano para serem utilizados em estratégias e projetos de mitigação dos piores efeitos das mudanças climáticas nos países pobres. O presidente da IATA defendeu sua posição contrária ao plano argumentando que os impostos já existentes para o meio ambiente são mal utilizados. “É inaceitável que o dinheiro coletado pela nossa indústria em nome da natureza seja direcionado para salvar bancos e outras despesas irresponsáveis dos governos”, atacou Bisignani. Ainda em Kuala Lumpur, a IATA reforçou sua oposição à inclusão do setor no esquema de comércio de permissões de emissões da União Européia, o que está previsto para 2012. “Os governos sabem que isso é ilegal, vai contra as leis internacionais da aviação”, afirmou Bisignani.
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Para a IATA, apesar da expansão do mercado prevista para os próximos anos, será possível neutralizar as emissões de CO2 relativas ao crescimento do mercado a partir de 2020 através de uma maior eficiência e com a ajuda dos biocombustíveis. “A demanda por vôos continuará a crescer, mas qualquer expansão na pegada de carbono será compensada”, prometeu Bisignani. “Apenas adotando biocombustíveis já nos renderia uma redução de até 80% das emissões, mas cabe aos governos um maior apoio a esse tipo de tecnologia”, completou.
Ainda segundo Bisignani, a indústria da aviação já estaria comprometida com metas concretas, como a de melhorar a eficiência de seus combustíveis em 1,5% a cada ano até 2020. Para 2009, estaria praticamente assegurado um corte de 7% das emissões, porém são 5% causados pela queda no número de vôos devido à crise econômica global e apenas 2% em virtude das novas estratégias do setor.
A aviação responde por 2% das emissões globais, mas apesar dessa aparentemente pequena porcentagem, o transporte aéreo é um dos setores que apresentam maior crescimento de emissões nos últimos anos.
(Por Fabiano Ávila, CarbonoBrasil, 08/06/2009)