Um dos maiores passivos ambientais do Estado do Rio está próximo de ser solucionado definitivamente: o Governo do Estado e a Usiminas reiniciaram nesta sexta-feira (05/06), Dia Mundial do Meio Ambiente, o processo de descontaminação do terreno onde funcionou a Companhia Ingá Mercantil, no município de Itaguaí. Para marcar o prosseguimento dos trabalhos, a Usiminas fará a demolição das paredes do galpão onde era estocado o minério, com auxílio de escavadeiras. O governador Sérgio Cabral e a secretária estadual do Ambiente, Marilene Ramos, acompanham a demolição. Participam ainda do evento, o prefeito de Itaguaí, Carlo Busatto (Charlinho), o presidente do Instituto Estadual do Ambiente (Inea), Luiz Firmino Martins, e o vice-presidente e o diretor de mineração da Usiminas, respectivamente Omar Silva Junior e Juarez Rabello.
Após a falência da Companhia Ingá Mercantil, há cerca de 11 anos, a área foi abandonada com grande quantidade de água contaminada com metais pesados, formando uma “bacia” de 260 mil m². Parte vazou, afetando as águas da Baía de Sepetiba. O Governo do Estado, por meio da Secretaria Estadual do Ambiente (SEA), juntamente com o então síndico da massa falida, Jarbas Barsanti, iniciaram a descontaminação do terreno da massa falida da Ingá Mercantil, em setembro de 2007.
Na época a Feema, hoje Inea, formatou a instrução técnica para despoluição da área e a primeira fase do trabalho foi realizada sob consultoria da PUC/RJ (Pontifícia Universidade Católica) e da Coppe/UFRJ (Coordenadoria de Programas de Pós Graduação em Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro). Os recursos necessários, de R$ 900 mil, foram disponibilizados pela massa falida. Em junho do ano passado, o terreno foi arrematado, em leilão, pela Usiminas por R$ 72 milhões.
A Usiminas concluirá a descontaminação do terreno e efetuará o envelopamento dos resíduos tóxicos restantes, processo este que impedirá a contaminação do solo e da água de forma definitiva. A empresa empreendeu estudos, nos últimos meses, para a consecução do projeto de remediação ambiental com investimentos da ordem de R$ 40 milhões. No local, a Usiminas construirá um terminal portuário para suprir suas necessidades de exportação de minério de ferro, com investimentos estimados em R$ 1 bilhão. Com previsão para entrar em operação entre fins de 2013 e início de 2014, o terminal deverá gerar cerca de 500 empregos diretos durante sua construção. Quando as operações iniciarem, serão gerados 230 empregos diretos e outros 100 indiretos.
Histórico
No terreno da mineradora Ingá Mercantil, que faliu em 1998, foram abandonados 390 mil m³ de efluentes líquidos, formando uma bacia com 260 mil m². Parte vazou, contaminando as águas da Baía de Sepetiba. O processo de solução foi idealizado pela Secretaria Estadual do Ambiente e o projeto de descontaminação foi realizado por equipe técnica formada por professores da PUC/RJ e da Coppe/UFRJ.
O projeto de recuperação, iniciado pelo Governo do Estado, por meio da SEA, compreende a instalação de uma barreira hidráulica para contenção do fluxo do lençol freático, o tratamento dos efluentes líquidos retirados, a implantação de um sistema de monitoramento da área e o descomissionamento da área da planta industrial e acondicionamento seguro da água contaminada do reservatório da Ingá Mercantil.
Em junho de 2008, o terreno foi arrematado, em leilão, pela Usiminas. O edital do leilão estabelece que o comprador conclua definitivamente o processo de descontaminação do terreno, orçado em R$ 40 milhões, além de efetuar o envelopamento dos resíduos tóxicos restantes, processo que impedirá a contaminação do solo e de água de forma definitiva. Com a construção da rodovia Arco Metropolitano, ligando os municípios de Itaboraí e de Itaguaí, junto ao Porto de Sepetiba, a área da Ingá se transformará em local extremamente valorizado, sendo importante para o desenvolvimento econômico do estado.
Cronologia
1977 - A Ingá Mercantil recebeu a primeira intimação de órgão ambiental para apresentar projeto de tratamento de suas águas residuais, pois foi comprovada a presença de metais pesados em seus efluentes líquidos.
1984 - A Ingá lançava seus efluentes líquidos na área de mangue da Baía de Sepetiba quando, por determinação de órgão ambiental, construiu um dique para conter os resíduos sólidos e líquidos, sendo cessados estes lançamentos.
1991 – A área de estocagem de rejeito chegou a ter 25 m de altura, o que provocou rupturas no solo mole que enfraqueceu a parede externa do dique, aumentando sua instabilidade. Neste mesmo ano, também teve início a operação da Estação de Tratamento de Dejetos (rejeitos) para tratamento da água oriunda do dique de contenção.
1997/1998 – Falência da Ingá Mercantil, quando foram abandonados efluentes líquidos, formando uma bacia de 260 mil m². Parte vazou para a Baía de Sepetiba.
2003 – Justiça Federal decretou intervenção na área de interesse, pois desde 1997 nada havia sido feito para solucionar o problema.
2004 – A Serla, hoje Inea, recuperou o dique de contenção. Porém, houve nova ruptura com vazamento do rejeito.
2005 - O dique permaneceu cheio, principalmente por falta de capacidade de tratamento e vazou novamente, sem ruptura do reforço executado.
2008 – Terreno foi arrematado pela Usiminas.
(Ascom SEA / EcoDebate, 05/06/2009)