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política do agronegócio exportações do agronegócio política ambiental brasil
2009-06-08

A galinha dos ovos de ouro. Foi assim que o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), classificou o agronegócio em evento realizado pelo partido na sexta-feira (05/06) em Foz do Iguaçu (PR). Em meio a preparações para as eleições de 2010, a expressão pode ser interpretada de mais de uma maneira: o campo tem ajudado o Brasil a superar os efeitos da crise, como foi lembrado diversas vezes pelos participantes do encontro, e os votos do campo podem fazer diferença nas urnas no ano que vem. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no primeiro turno de 2006, foi perdeu para Geraldo Alckmin (PSDB) nos principais Estados agrícolas do país: Paraná, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Rio Grande do Sul e Goiás. Mas de lá para cá, percebeu a força dos ruralistas. Foi no segundo mandato que aceitou a saída do governo do ícone verde - a senadora Marina Silva (PT) - e que projetos que amenizam leis ambientais, como a reforma do Código Florestal e a MP 458, sobre a regularização fundiária na Amazônia, avançaram.

Foi de olho na preservação eleitoral do campo que o PSDB organizou o encontro em Foz, o segundo de uma série prevista até o fim do ano - o primeiro foi em maio, em João Pessoa (PB), e teve programas sociais como tema. "Poderia estar mais robusta", disse Serra, para completar a história da galinha. O presidenciável do partido tinha ao lado o governador mineiro Aécio Neves, que também quer ser candidato e tem discurso voltado o produtor. "Vivemos um vácuo no que diz respeito à política nacional para agricultura", disse Aécio. "Esse setor, se bem tratado, fará diferença".

O evento "Agricultura e Agronegócio no Brasil" reuniu em Foz representantes tucanos de várias partes do país e também os presidentes nacionais do PPS, Roberto Freire, e do DEM, o deputado federal Rodrigo Maia (RJ). A senadora Kátia Abreu (DEM-TO), da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), que tem travado uma batalha com o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, passou por lá. Assim como o economista Roberto Giannetti da Fonseca, presidente da Associação Brasileira da Indústria Exportadora de Carne (Abiec). "Não vejo clara adesão do agronegócio ao PT ou ao PSDB. Os ruralistas querem trabalhar com segurança e prosperidade", defendeu Fonseca. "Ficar no jardim botânico com fome não faz sentido", completou, sobre a relação tumultuada entre produtores e ambientalistas.

Na parte da tarde do evento do PSDB havia mais gente do lado de fora do que dentro do auditório em que questões técnicas do setor foram discutidas. No saguão, políticos e assessores aproveitaram o momento para tirar fotos e fazer contatos com colegas de Brasília, enquanto aguardavam com ansiedade a chegada de Serra e Aécio. E mesmo lá havia opiniões divergentes tanto no que diz respeito ao tempo para a escolha do candidato do partido - vista por alguns como urgente- quanto na estratégia para o campo.

"No agronegócio Lula não avançou muito, não. É o setor em que é mais vulnerável", opinou o senador tucano Álvaro Dias. "Ele enganou. Anestesiou alguns e fez com que outros acreditassem no canto da sereia", criticou o deputado federal Ronaldo Caiado (DEM-GO). "Mas as pessoas estão acordando e vendo que nunca os custos de produção foram tão altos e nunca o setor foi tratado de modo tão preconceituoso", acrescentou Caiado. Para o deputado federal Gustavo Fruet (PSDB-PR), o agronegócio se recompõe rapidamente, porque não é ideológico. "As cooperativas e os exportadores não vão com o PT", afirmou.

O presidente do PSDB no Paraná, Valdir Rossoni, diz que a comunicação tucana "está acordando" para lidar melhor com o setor. "A colheita do agronegócio é fruto da estabilidade econômica conquistada pelo PSDB. Não vejo conquista do Lula, mas o vejo surfando em espaço conquistado antes de ele chegar", disse. Empresário da avicultura e deputado federal do partido, Alfredo Kaefer (PR-PSDB) foi um dos que mais atacaram a atuação do PT no setor. "Lula está de olho na bancada ruralista, mas joga no meio do campo", afirmou, sobre ações ligadas à produção e à preservação do ambiente.

O Valor ouviu os participantes do encontro. É unanimidade entre eles a ideia de que o PSDB deve retomar seu tradicional discurso e acrescentar propostas que vão de política de juros e câmbio a formas de unir produção e preservação. "Não adianta defender o etanol e não financiar o combate da aftosa ou à realização de pesquisas", atacou Fonseca, da Abiec. "A grande tendência de quem produz de modo organizado é votar no PSDB", aposta o presidente nacional do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE). Para Rodrigo Maia, a oposição terá o agronegócio ao seu lado. "Lula não avançou. Estive no Rio Grande do Sul e lá há o mesmo tipo de revolta de 2006", disse. "O que o governo está querendo fazer é grave, tentando gerar o bem contra o mal. Todos somos contra o desmatamento". Caiado fez um discurso inflamado aos participantes: "Temos de ampliar a militância e dizer o quanto dificultam a vida do agricultor".

Serra e Aécio, que desembarcaram em Foz ao som do refrão "1,2,3,4,5 mil, queremos um tucano presidente do Brasil", evitaram falar de 2010 e defenderam o agronegócio com números e criticaram o atual governo. "Estamos assistindo à criação de uma falsa dicotomia entre o agronegócio e a agricultura familiar", disse o mineiro, que defendeu uma política melhor de preço mínimo e crédito, criticou o Código Florestal e propôs a regionalização de ações de preservação, que passariam aos Estados, como defendem os ruralistas. Para ele, é preciso "construir meia dúzia de propostas centrais" a serem debatidas com a sociedade.

Para o governador paulista se o Plano Real deu certo, foi por causa da agricultura. "O Brasil teria quebrado mais de uma vez se não fosse o setor agropecuário", reforçou, fazendo referência à balança comercial. Serra lembrou o que foi feito no passado. "O Pronaf (de apoio à agricultura familiar) parece ter sido inventado agora, mas não foi . Foi criado na nossa gestão". Serra defendeu políticas públicas para que "toda agricultura familiar vire empresarial". Ele também criticou a falta de investimento nos assentamentos rurais.

Logo após os discursos, Serra e Aécio foram assediados para fotos com participantes. Mas fizeram poucas poses, porque retornaram rapidamente ao aeroporto. Na saída, questionado se Lula teria conquistado votos no segmento do agronegócio, Aécio foi taxativo: "O governo permitiu um debate radicalizado, que se acirrou, mas não deve ter efeito em votos". Em seguida, emendou: "O PSDB tem discurso para o setor".

(Por Marli Lima, Valor Econômico / IHUnisinos, 08/06/2009)


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