Os pecuaristas mato-grossenses criticaram terça (02/06) o relatório da Greenpeace sobre a responsabilidade pelo desmatamento da Amazônia. O relatório divulgado recentemente, denominado "Slaughtering the Amazon" (algo como Abatendo a Amazônia), dessa vez responsabiliza a cadeia pecuária pelas ações de desmatamento na floresta amazônica. A ONG aponta que 80% desses desmatamentos são resultado da expansão da pecuária na região. Ainda de acordo com o relatório, o setor seria responsável por 14% de todo o desmatamento mundial, ou seja, o principal motor da redução das florestas em todo o mundo.
O Greenpeace co-responsabiliza também compradores de produtos e subprodutos da pecuária brasileira pelo desmatamento, citando nominalmente empresas varejistas como Tesco, Sainsbury's, Morrisons e Marks and Spencer, e indústrias de calçados como Nike, Adidas e Clarks Shoes, que usariam couro do gado criado na região. “Não há o mínimo fundamento neste relatório”, reagiu o vice-presidente da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), José João Bernardes. Segundo ele, o relatório “é um equívoco”. Lembrou que a pecuária não está se expandindo pela Amazônia, como denuncia a ONG. “O controle na Amazônia está sendo eficiente e, além disso, o pecuarista não tem dinheiro para fazer esta inversão de capital, deslocando seus investimentos para a Amazônia”.
Bernardes informou que apenas 20% das pastagens estão na região amazônica. “Nos últimos anos praticamente não tivermos abertura de área e a tendência é de que as áreas degradadas sejam reincorporadas ao processo produtivo. Mato Grosso tem áreas abertas suficientes para produzir sem derrubar”. Segundo o pecuarista e ex-presidente da Acrimat, Walderbrad Coelho, Mato Grosso conta com mais de 200 mil hectares de terra degradadas que podem ser reincorporadas à produção. “Podemos formar novas invernadas sem derrubar árvores. Este relatório está furado”.
O pecuarista Anildo Lima Barros disse que atualmente o produtor está mais consciente e as atividades de desmatamento praticamente deixaram de existir no Estado. O superintendente da Acrimat, Luciano Vacari, considerou o relatório “vago”, sem dados confiáveis. “Os dados que temos, levantados pela empresa norte-americana Synoptica, mostram que a área de pastagens em Mato Grosso não aumenta há cinco anos. “Continuamos com os 26 milhões de hectares que já estavam abertos”, disse Vacari, apontando que 90% das pastagens de Mato Grosso existem desde 1996. “Além disso, na região norte do Estado, onde estão concentradas nossas florestas, continuamos com um ótimo aproveitamento de pastagem na relação unidade/animal. Enquanto a média nacional é de 0,7 animal por hectare, na região de Mato Grosso esta relação chega a ser de até 1,2 animal/hectare”. (MM)
(Amazonia.org.br, 04/06/2009)