No Brasil, 31,5% de toda a energia produzida são provenientes de biomassa, seja ela florestal ou gerada pela cana-de-açúcar. Nesse contexto, o desafio dos pesquisadores da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Florestas é elevar esse percentual. É o que defende o presidente do 1º Congresso Brasileiro de Florestas Energéticas e pesquisador, Antonio Francisco Bellote.
O país ocupa a terceira posição na lista dos maiores consumidores de biomassa para a produção de energia, depois da China e da Índia. O pesquisador da Embrapa Florestas afirma que os 20 países mais ricos do mundo produzem apenas 6,7% de biomassa em sua matriz energética. “Se considerarmos o mundo todo, temos um valor em torno de 11,7%. E o Brasil tem 31,5%. É uma diferença bastante expressiva. ”O Congresso Brasileiro de Florestas Energéticas ocorreu na última semana em Belo Horizonte, em parceria com o governo de Minas Gerais.
Os pesquisadores da Embrapa Florestas desenvolvem o projeto Florestas Energéticas na Matriz de Agroenergia Brasileira, do qual participam 130 pesquisadores de mais de 70 instituições. O objetivo é desenvolver alternativas ao uso de fontes energéticas tradicionais não renováveis, com a biomassa de plantações florestais, de modo a contribuir para a expansão da matriz energética de forma sustentável. “São energias renováveis, que nós chamamos de energia limpa, em substituição ou, pelo menos, com a meta de diminuir o uso de energias de fontes não renováveis, como as originárias do carvão mineral, do petróleo”, explica Bellote.
Além de aumentar a produção de matéria-prima, a Embrapa Florestas procura fazer com que os processos de carbonização atualmente usados no Brasil sejam mais limpos e gerem menos resíduos. Os pesquisadores atuam também no desenvolvimento de novas tecnologias, entre as quais a produção de etanol da madeira, o bio-óleo, que são produtos de alto valor agregado, conhecidos como energia de segunda geração. O quarto desafio do projeto é fazer com que a cadeia produtiva seja sustentável do ponto de vista econômico e social e ambientalmente adequada.
As florestas energéticas são definidas como produtoras de energias renováveis. “O balanço de carbono nelas é nulo. Eu produzo uma biomassa e quando a queimo, faço uma emissão de carbono. Mas, para queimar de novo, eu tenho que seqüestrar esse carbono através da formação de uma nova floresta. Então, nós temos um ciclo. ”O congresso serviu para discutir não só a evolução das tecnologias, mas também a melhoria dos processos de produção, o aumento do rendimento e a produção cada vez mais forte de energia no país, com uso de biomassa.
(Por Alana Gandra, Agência Brasil, 07/06/2009)