A Confederação Nacional da Agricultura (CNA) e a Associação Brasileira da Indústria Exportadora de Carnes (Abiec) anunciaram ontem que vão processar a organização ambientalista Greenpeace por danos morais e materiais, por causa do relatório divulgado no início do mês que acusa os criadores de gado da Amazônia de serem os principais responsáveis pelo desmatamento mundial. "Não vamos mais tolerar que essa ONG minta sobre o que o setor produtivo está fazendo no Brasil", afirmou a presidente da confederação, senadora Kátia Abreu (DEM-TO). Ela foi uma das participantes do encontro que o PSDB realizou ontem em Foz do Iguaçu, no oeste do Paraná, para discutir a agricultura e o agronegócio no País.
"O Greenpeace vem com ataques falsos, mentirosos, alegações levianas, colocando em risco até a imagem do Brasil", disse o presidente da Abiec e diretor-geral da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Roberto Gianetti da Fonseca. Ele acentuou que é ambientalista de longa data e ficou indignado com o relatório, "que agride moralmente o País." "O Greenpeace, ao invés de conversar de maneira racional, mente de forma descarada", acusou. Para o presidente da Abiec, a ONG pretende "inibir" a exportação de carne do País.
Reação
Paulo Adario, diretor da campanha "Amazônia" do Greenpeace, disse que Kátia e Gianetti não devem processar a ONG, mas o governo. Segundo ele, o Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal, de 2004, assinado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, é taxativo ao informar que o setor pecuário responde por 80% do desmate na região. "Vários dados científicos confirmam o número", ressalta ele, frisando que o trabalho da ONG é fruto de três anos de investigação.
A entidade não é contra os pecuaristas, só "faz um alerta", diz Adario, frisando que o mundo também passa por uma crise climática mundial, que exige mudança. "O mercado é competitivo e só vai sobrar quem agir de forma adequada, limpa."
(Por Evandro Fadel, O Estado de S. Paulo / IHUnisinos, 06/06/2009)