Em reação às sucessivas derrotas no Congresso, ambientalistas de quatro organizações não-governamentais e o MST fizeram uma eleição simbólica para escolher parlamentares amigos e inimigos da Amazônia. A senadora Kátia Abreu (DEM-TO), que já havia sido eleita miss desmatamento pelo Greenpeace, encabeçou a lista dos "inimigos", formada por nove parlamentares. A senadora Marina Silva (PT-AC), ex-ministra do Meio Ambiente, apareceu na relação dos parlamentares "amigos" da Amazônia.
Ao anunciar os resultados, ambientalistas admitiram ter aberto espaço para ruralistas agirem no Congresso. Agora, diante das batalhas perdidas, prometem maior pressão. "Assistimos a um desmonte da legislação de proteção ao meio ambiente", avaliou Raul Silva Telles do Valle, do Instituto Socioambiental. "Tivemos pequenos avanços no Congresso, mas o setor produtivo reagiu pesado, recuperou o prejuízo. Mas agora retomamos nossa ação." Coordenadores da eleição, realizada pela Amigos da Terra-Amazônia Brasileira, Greenpeace, Instituto Socioambiental, Imazon e MST, pretendem agora entregar os prêmios aos escolhidos.
Os parlamentares escolhidos como "inimigos" tiveram reações diferentes. "É a democracia. Todos têm liberdade para se expressar. Vou continuar meu trabalho no mesmo ritmo, de acordo com minhas convicções", disse Kátia. O senador Flexa Ribeiro (PSDB-PA) foi mais contundente. "Esse tipo de ação reducionista sobre o debate que se deveria ter sobre a Amazônia é meramente panfletária e gera apenas publicidade para algumas ONGs."
"Essas ONGs, mantidas por recursos externos, estão a serviço de uma guerra comercial. Elas deveriam ser investigadas pela Polícia Federal, Ministério Público e Banco Central pelos desserviço que prestam ao Brasil e à Amazônia", reagiu Aldo Rebelo (PC do B-SP). "Defendo a região e não interesses alienígenas, como eles fazem", disse Asdrúbal Bentes (PMDB-PA).
(Por Lígia Formenti, O Estado de S. Paulo / IHUnisinos, 06/06/2009)