Principais causas que afetam qualidade da água no subsolo são esgoto sem tratamento, fossas sépticas e infiltração de fertilizantes. Relatório revela ainda piora nas condições das praias e alta no número de espécies ameaçadas de extinção; presença de ozônio no ar caiu
A qualidade da água subterrânea, que abastece cerca de 6 milhões de pessoas (de um total de 41 milhões no Estado), caiu em São Paulo entre 2006 e 2008, segundo levantamento da Secretaria de Estado do Meio Ambiente. O índice de água considerada potável, que era de 85,4% em 2006, passou para 66,7% no ano passado. O dado faz parte do Painel da Qualidade Ambiental, um estudo de 20 indicadores que traça condições gerais de lixo, saneamento, biodiversidade, uso de energia e emissão de poluentes.
De acordo com a análise da Cetesb (agência ambiental de SP), as principais causas que interferem na qualidade da água estão esgoto sem tratamento, uso de fossas sépticas e a infiltração no solo de fertilizantes utilizados na agricultura. Embora a maior parte das amostras não potáveis esteja relacionada à presença de ferro, manganês e coliformes, que são retirados da água com tratamento simples, existem casos de problemas mais graves.
Na região oeste do Estado, por exemplo, "é persistente a presença de cromo e nitrato em concentrações acima do padrão", o que requer "tratamento de maior custo e complexidade". Esporadicamente, têm sido detectados arsênio, bário e chumbo, elementos de maior potencial nocivo. Dados do IEA (Instituto de Economia Agrícola) indicam que a agricultura, especialmente a cana, tem parcela importante no aumento da presença de poluentes na água. Ao final da safra 2005/06, a cana para indústria cobria 4,2 milhões de hectares no Estado. Na estimativa de fevereiro deste ano, a área subiu para 5,3 milhões, um salto de 26%.
Condição das praias
Outro índice que piorou no Estado no ano passado foi a condição das praias litorâneas -24% estiveram próprias para banho o ano todo em 2008, contra 38% em 2007. Mas o relatório traz também indicadores positivos, como a relativa diminuição na presença de ozônio no ar nos 102 municípios da chamada Macrometrópole Paulista, que inclui a região que vai de Piracicaba a São José dos Campos, além da Baixada Santista. Depois da piora entre 2006 e 2007, quando subiu (de 3,15% para 6,36%) o número de dias em que o nível de ozônio, poluente muito nocivo, ultrapassou os limites recomendados na macrometrópole, o percentual caiu para 2,94% em 2008. Já o número de ultrapassagens do nível de material particulado no ar, outro poluente que provoca graves danos à saúde, estabilizou-se.
Também cresceu, nos últimos dez anos, o número de espécies ameaçadas de extinção -de 12,36% (253, num total de 2.047 espécies conhecidas) para 16,88% (436 ameaçadas num universo de 2.583). A secretaria ressalta que a lista de 1998 foi elaborada com uma metodologia diferente da do ano passado, quando foram seguidos os critérios e as categorias propostas pela IUCN (União Internacional para Conservação Ambiental).
Outra boa notícia é que o percentual de energia renovável, como a proveniente da queima de bagaço de cana, subiu de 44,12%, em 2001, para 52,35%, em 2007. Segundo a avaliação, "a tendência observada desde 2001 é a de crescimento da composição renovável da matriz energética, fato ainda mais notável considerando o patamar já bastante elevado".
(Folha de S. Paulo, 06/06/2009)