O conhecimento a respeito do ciclo do nitrogênio tem aumentado grandemente nos últimos anos. Cientistas têm aprendido sobre as fontes do elemento químico e como ele se altera à medida que circula na atmosfera, solo, água, plantas e em animais. Agora, pesquisadores acabam de descobrir mais uma novidade sobre o nitrogênio. E a notícia está longe de ser boa. Em estudo publicado na edição desta sexta-feira (05/06) da revista Science, um grupo dos Estados Unidos descreve como o homem tem prejudicado o ciclo do nitrogênio a partir da alteração da quantidade do elemento que é armazenada na biosfera.
Novamente os combustíveis fósseis são o principal culpado, por conta da liberação de óxidos de nitrogênio na atmosfera que se combinam com outros elementos para formar poluição e chuva ácida. O estudo fornece evidência de que o ciclo biogeoquímico global do nitrogênio tem sido fundamentalmente alterado por conta da injeção de óxidos do elemento na atmosfera a partir de emissões fósseis e da fixação do nitrogênio atmosférico para a produção de fertilizantes.
Os autores da pesquisa, das universidades Brown e de Washington, descrevem como a análise de isótopos de nitrogênio na forma de nitratos pode revelar as fontes de óxidos nítricos na atmosfera. O grupo avaliou a concentração de nitratos desde a Revolução Industrial. Para isso, Meredith Hastings, da Universidade Brown, e colegas analisaram dois isótopos de nitrogênio encontrados em nitratos em um testemunho de gelo com 100 metros de comprimento extraído na Groenlândia. A amostra contém registros de nitratos de 1718 a 2006.
A análise identificou que a maior mudança nas taxas isotópicas ocorreu entre as décadas de 1950 e 1980, por conta de um rápido aumento nas emissões. As análises apontaram a alteração na taxa do nitrogênio-15 para seu isótopo mais comum nitrogênio-14 desde o período pré-industrial. “A única forma pela qual podemos explicar essa alteração no período é por conta das fontes de óxidos nítricos, uma vez que introduzimos uma fonte completamente nova, que é a queima de combustíveis fósseis. E não o fizemos em pequenas quantidades, mas em enormes”, disse Meredith.
Na sequência da pesquisa, o grupo pretende determinar as taxas de nitrogênio-14 e de nitrogênio-15 para fontes individuais de óxidos de nitrogênio, incluindo raios, queima de biomassa, fixação por bactérias e a queima de combustível. O objetivo é comparar os excessos de nitrogênio, seja de fontes naturais ou humanas. Os pesquisadores também querem quantificar mudanças nas fontes naturais de óxidos nítricos e identificar se elas estão sendo influenciadas ou não pelas mudanças climáticas globais.
(Agência Fapesp, 05/06/2009)