(29214)
(13458)
(12648)
(10503)
(9080)
(5981)
(5047)
(4348)
(4172)
(3326)
(3249)
(2790)
(2388)
(2365)
passivos do agronegócio
2009-06-05

O fato é que, até hoje na história do Brasil, quem mais preservou foram os camponeses e os índios. A agricultura familiar produz e preserva

A questão ambiental tem hoje a dimensão da humanidade. Os problemas provocados pela elevação da temperatura da Terra estão apenas começando e os dramas humanos e sociais que se seguem às mudanças climáticas bruscas, cujas causas estão no referido aquecimento global, são cada dia mais comuns.

O Brasil já está sendo atingido em cheio pelas conseqüências da mudança climática. Basta elencar alguns fatos ocorridos nos últimos anos: seca na Amazônia e no Sul do país, enchentes no Nordeste, destruições por chuvas torrenciais em Santa Catarina e Minas Gerais, avanço da desertificação, riachos desaparecendo. A alteração do regime de chuvas é a primeira conseqüência que atinge todo o território nacional.

Em uma situação como essa, era de se esperar uma grande mobilização da sociedade para diminuir e controlar as emissões dos gases de efeito estufa e ao mesmo tempo aumentar a cobertura florestal, de modo a contribuir com a descarbonização do planeta.

Não é o que se vê da parte do agronegócio brasileiro e das transnacionais que o sustentam. Até hoje, apenas devastaram. Só para se ter idéia, o setor pecuário na Amazônia é responsável por quase 14% do desmatamento anual global – 1,72 milhão de hectares são desmatados na floresta todos os anos e 12,57 milhões de hectares por ano são desmatados globalmente.

Destruíram nossos principais biomas (Mata Atlântica, Pinheirais, Cerrado) e agora avançam celeremente para acabar com o que resta dos biomas Amazônia, Pantanal e Pampa. A pecuária brasileira é hoje o maior vetor de desmatamento no mundo e a principal fonte de emissões de gases do efeito-estufa do Brasil, segundo um estudo do Greenpeace. Em seu relatório “A farra do boi na Amazônia”, sobre a indústria da pecuária brasileira, a ONG revela que transnacionais de marcas de fama mundial como Nike, Adidas, BMW, Gucci, Timberland, Honda, WalMart e Carrefour, têm contribuído para o desmatamento da Amazônia.

Um outro levantamento, feito pelo Ministério Público Federal (MPF) e pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), mostra que empresas da cadeia da pecuária contribuem para a devastação na Amazônia, comercializando bois criados em áreas desmatadas ilegalmente. O MPF iniciou 21 processos judiciais contra fazendas e frigoríficos, pedindo o pagamento de R$ 2,1 bilhões em indenizações pelos danos ambientais à sociedade brasileira. Carrefour, WalMart, Bompreço e Pão de Açúcar estão entre as empresas notificadas. Um dos frigoríficos processados é a Bertin S.A., que comprou gado de fazendas multadas pelo Ibama e de uma que fica dentro de uma reserva indígena. Dentre as fazendas irregulares, nove pertencem à agropecuária Santa Bárbara, da empresária Verônica Dantas Rodenburg.

Ora, o Estado brasileiro, que tem entre suas atribuições zelar pela conservação da Floresta Amazônica, tem sido aliado das transnacionais, dos pecuaristas, subsidiando-os e incentivando-os nessa criminosa destruição.

Como a sociedade lhes cobra estes crimes, querem agora destruir a legislação ambiental, de modo especial o Código Florestal, que nunca foi cumprido nem exigido, como uma licença para continuar devastando. Articulam-se no Congresso Nacional e nos Estados, com o argumento torto e falso de que cuidar do meio-ambiente impede a produção e trava o desenvolvimento econômico do país, para criar uma legislação ambiental permissiva que lhes dê carta branca para devastar o que resta e se apropriar dos recursos naturais do país. Quem perderá com isso, novamente, é o povo brasileiro.

Um outro exemplo, é a tentativa de aprovar a medida provisória 458, que legaliza terras griladas de até 2.500 hectares na Amazônia. Por isso, organizações e ambientalistas estão no Senado Federal acompanhando, entre os dias 2 e 3, a votação da MP. Como parte de uma Jornada de Luta pelo Meio Ambiente, que teve início no dia 1º e vai até o dia 6, os ativistas protestam em Brasília contra a desconstituição da legislação e da política nacional ambiental. Em maio, essa MP 458 foi aprovada com alterações pela Câmara dos Deputados. E, caso ela seja aprovada pelo Senado como está, a União poderá transferir, sem licitação, terras de até 2.500 hectares na Amazônia Legal (Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins e parte do Maranhão) para quem detinha sua posse antes de 1º de dezembro de 2004. Ou seja, o que hoje é feito de forma ilegal na Amazônia vai ser legalizado. Isso significa mais desmatamento, mais concentração das terras e aumento da violência no campo.

O fato é que, até hoje na história do Brasil, quem mais preservou foram os camponeses e os índios. A agricultura familiar produz e preserva. O Código Florestal precisa ser adequado e não alterado. Seus princípios básicos são sensatos e corretos. Práticas de manejo florestal e agroflorestal devem ser implementadas. Um amplo programa de educação ambiental deve ser feito e o Estado brasileiro precisa construir políticas de apoio aos sistemas de produção que preservem o meio ambiente e cuidem do patrimônio natural do povo.

Portanto, a sociedade brasileira precisa agarrar em suas mãos a luta coletiva para defender um ambiente saudável para esta e para as futuras gerações. E, para isso, precisa enfrentar e derrotar os destruidores de sempre que só agem em função do lucro fácil.

(Editorial Brasil de Fato, 04/06/2009)


desmatamento da amazônia (2116) emissões de gases-estufa (1872) emissões de co2 (1815) impactos mudança climática (1528) chuvas e inundações (1498) biocombustíveis (1416) direitos indígenas (1373) amazônia (1365) terras indígenas (1245) código florestal (1033) transgênicos (911) petrobras (908) desmatamento (906) cop/unfccc (891) etanol (891) hidrelétrica de belo monte (884) sustentabilidade (863) plano climático (836) mst (801) indústria do cigarro (752) extinção de espécies (740) hidrelétricas do rio madeira (727) celulose e papel (725) seca e estiagem (724) vazamento de petróleo (684) raposa serra do sol (683) gestão dos recursos hídricos (678) aracruz/vcp/fibria (678) silvicultura (675) impactos de hidrelétricas (673) gestão de resíduos (673) contaminação com agrotóxicos (627) educação e sustentabilidade (594) abastecimento de água (593) geração de energia (567) cvrd (563) tratamento de esgoto (561) passivos da mineração (555) política ambiental brasil (552) assentamentos reforma agrária (552) trabalho escravo (549) mata atlântica (537) biodiesel (527) conservação da biodiversidade (525) dengue (513) reservas brasileiras de petróleo (512) regularização fundiária (511) rio dos sinos (487) PAC (487) política ambiental dos eua (475) influenza gripe (472) incêndios florestais (471) plano diretor de porto alegre (466) conflito fundiário (452) cana-de-açúcar (451) agricultura familiar (447) transposição do são francisco (445) mercado de carbono (441) amianto (440) projeto orla do guaíba (436) sustentabilidade e capitalismo (429) eucalipto no pampa (427) emissões veiculares (422) zoneamento silvicultura (419) crueldade com animais (415) protocolo de kyoto (412) saúde pública (410) fontes alternativas (406) terremotos (406) agrotóxicos (398) demarcação de terras (394) segurança alimentar (388) exploração de petróleo (388) pesca industrial (388) danos ambientais (381) adaptação à mudança climática (379) passivos dos biocombustíveis (378) sacolas e embalagens plásticas (368) passivos de hidrelétricas (359) eucalipto (359)
- AmbienteJá desde 2001 -