O presidente do Instituto Brasil Pnuma - o Comitê Brasileiro do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente -, Haroldo Mattos de Lemos, disse que o Brasil estará em melhores condições que os demais integrantes do Bric (grupo de países emergentes mais avançados como Brasil, a Rússia, a Índia e a China) de cumprir metas de redução de emissões, se isso ficar acordado na reunião da Organização das Nações Unidas (ONU) programada para dezembro. "Porque nós não precisaríamos mexer muito no nosso sistema industrial", afirmou. Na opinião de Lemos, bastaria reduzir entre 60% e 70% os desmatamentos e as queimadas. Ele acredita que apenas essa medida daria ao país um nível de redução de emissões superior ao que está sendo proposto pela Europa, de 40%.
Segundo o presidente do Instituto Brasil Pnuma, a reunião da ONU em dezembro ainda é uma incógnita e não houve até agora nenhum acordo entre os países. “Os países em desenvolvimento continuam alegando, com toda justiça, que até hoje quem mais se beneficiou pelo uso dos recursos naturais do planeta e, portanto, quem mais poluiu também o ambiente, foram os países desenvolvidos”.
Lemos lembrou que por essa razão, foi aprovado por todos os países, durante a ECO 92, no Rio de Janeiro, um princípio importante para os países em desenvolvimento, que é o das responsabilidades comuns, porém diferenciadas. Isso quer dizer que todos os países têm responsabilidade no esforço para atingir a sustentabilidade, reconhecendo, entretanto, que os países em desenvolvimento, "até hoje, usaram muito menos combustíveis fósseis, muito menos recursos naturais do planeta e também jogaram muito menos resíduos sobre o ambiente”.
Esse princípio foi aplicado na primeira fase do Protocolo de Quioto, que vai até 2012, e só os países desenvolvidos tiveram metas obrigatórias de redução. Lemos acredita que na reunião de dezembro, os países terão que tomar medidas fortes para reduzir os efeitos do aquecimento global. “Porque se nós não fizermos isso, daqui a pouco isso sai fora do controle e nós vamos ter catástrofes cada vez mais sérias no mundo”.
(Por Alana Gandra, com edição de Graça Adjuto, Agência Brasil, 04/06/2009)