A conservação da zona rural de Porto Alegre está entre os principais projetos desenvolvidos pelo Instituto Gaúcho de Preservação Ambiental – Ingá. A preocupação se deve à ocupação crescente desta área, sobretudo nas encostas e em locais como o Morro São Pedro, no Lami. O vice-coordenador Mateus Raymundo destaca que a atuação da ONG ocorre em vários segmentos, procurando ampliar as relações com instituições públicas e privadas, a exemplo de universidades, escolas e conselhos comunitários. 'Atualmente, estamos reforçando a atuação de educação ambiental na Escola Mario Quintana, na Restinga, onde precisamos preparar a implantação de um futuro parque ecológico e conter a ocupação irregular'. Para garantir uma ação prática, o Ingá tem apoio de organizações ambientalistas da Europa e dos Estados Unidos, mas também batalha pela liberação de recursos do Fundo Municipal do Meio Ambiente para projetos.
Uma das formas de conter o avanço urbano e garantir a sustentabilidade na zona Sul da Capital é o fortalecimento da agricultura ecológica. 'Trabalhar a consciência ambiental para a produção de alimentos pode facilitar a compreensão de crianças e jovens sobre essa necessidade de cuidarmos melhor da zona rural porto-alegrense', informa Mateus, citando como exemplo o Seu Juca, agricultor bem conhecido na região que, além de produzir hortifrutigranjeiros conta suas experiências ecológicas para alunos da Restinga. 'São ações como esta que podem despertar o interesse pelo futuro ambiental da cidade', avalia Raymundo.
Criada pelo ecologista José Lutzemberger, a Fundação Gaia é mais uma referência na preservação ambiental. No Rincão Gaia, um sítio localizado em Pantano Grande, são realizados cursos e atividades exemplificando manejos para conservação ambiental. 'Recebemos escolas e universitários que querem saber mais sobre ações como a pecuária natural', afirma o coordenador cultural, Christian Goldschmidt. Esse processo chama a atenção, principalmente, pela criação do gado sem confinamento. Outro fator é o uso de aguapés como fonte principal de alimentação de galinhas e porcos. 'Lutzemberger fez um levantamento topográfico e instalou estrebarias, galinheiros e chiqueiros em pontos mais altos, fazendo com que parte da matéria orgânica produzida pelos animais seja levada para o lago, fortalecendo a produção de aguapés, num ciclo perfeito.'
Dedicada a educação e a sensibilização ambiental, a Fundação Gaia tem como diretriz o respeito às características individuais na criação de animais. 'A troca de piquetes auxilia na preservação do solo, no qual ficam depositados material orgânico que torna a pastagem mais saudável, além de evitar a proliferação de parasitas', diz. A ONG também trabalha com força a questão da agricultura regenerativa, buscando uma menor agressão ao solo e a não utilização de agrotóxicos.
(Correio do Povo, 05/06/2009)