O arroio, que tem 17 quilômetros, nasce na Lomba do Pinheiro, segue pela avenida Ipiranga e deságua no lago Guaíba
Pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) estão desenvolvendo um estudo histórico e ambiental sobre o arroio Dilúvio, da Capital. O projeto 'Habitantes do Arroio' tem a finalidade de recuperar a memória ambiental da cidade e os efeitos das mudanças realizadas nas últimas décadas. 'Pela extensão, o Dilúvio integra todos os tipos de comunidade, desde as mais pobres até as mais ricas. Assim, o arroio têm características suficientes para recuperar a história de Porto Alegre e como as construções avançaram', explica o pesquisador Rafael Devos, que integra o projeto desenvolvido desde janeiro no Banco de Imagens e Efeitos Visuais do Laboratório de Antropologia Social da universidade.
Neste momento, os pesquisadores realizam a coleta de informações sobre as mudanças ocorridas nas últimas décadas no sistema de saneamento e na dinâmica hídrica do arroio. Também estão sendo realizadas entrevistas com técnicos e moradores, que acompanharam o desenvolvimento da região em torno do Dilúvio. Um dos principais pontos que integram a pesquisa são os efeitos negativos devido à elevação das construções nas áreas próximas. 'As grandes edificações reduziram o índice de impermeabilização da superfície. Assim, quando chove muito, a água segue para o arroio com mais rapidez, aumentando as possibilidades de alagamentos', explica o pesquisador da Ufrgs.
Outro fator que está sendo estudado é os impactos sobre o arroio, provocados pelas transformações da paisagem urbana da cidade, como o crescimento desordenado das vilas e favelas, e as consequências para a estabilidade do meio ambiente. O Dilúvio tem 17 quilômetros, nasce no bairro Lomba do Pinheiro, segue pela avenida Ipiranga e deságua no lago Guaíba. 'Com essa extensão, o arroio atende cerca de um terço da população de Porto Alegre, o que o torna tão importante', destaca Rafael Devos.
O resultado da pesquisa, que é financiada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ), fará parte de um documentário. A previsão de conclusão desta pesquisa é junho do próximo ano. Os primeiros documentos coletados poderão ser conhecidos durante a apresentação neste sábado, 6 de junho, na sala multimeios do Planetário, na Ipiranga, 2000. A mostra integra a programação da Semana do Meio Ambiente.
(Correio do Povo, 05/06/2009)