A guampa em que se embretou o ministro Carlos Minc com o discurso do ruralista-vigarista rendeu mais um alentado capítulo na sessão do Senado de terça-feira (02/06) e desta vez, com direito a pancada de todo o lado. Da oposição, a começar, claro, pela presidente da CNA, senadora Kátia Abreu, mas foi alvo também de fogo amigo. No meio do bate-fundo, o senador Neuto de Conto, aproveitou para espinafrar o relatário do INPE sobre a Mata Atlântica, onde Santa Catarina é apontada como predadora-mór.
Na Câmara, a mesma batida: a Comissão da Agricultura o convocou para explicar, olho no olho, quem é vigarista. Seu arqui-inimigo, deputado Colatto entrou na baixaria e recomendou que o ministro vá desalojar favelas do Rio de Janeiro que estão ocupando áreas de preservação.
Enquanto Lula prometia medir o pulso da crise somente na volta, sexta-feira, Minc defendia-se, provocando: os ruralistas podem ir tirando o cavalinho da chuva porque 'vou continuar governando'. E mostrou o trunfo, ao anunciar que vai levar o presidente a percorrer os municípios que mais desmataram a Amazônia, durante a Operação Arco Verde.
Mas algo me diz que Minc não está com esta corda toda. Aquela conversa após a audiência com Lula semana passada, logo depois da concentração do 'Grito da Terra', estava mais pra papo de treinador prestigiado. Mas, se ele conseguiu sobreviver ao vexame da operação Boi Pirata (que aliás deve voltar à pauta por causa da multa do Ibama imposta ao frigorífico salvador), tudo é possível.
(Por Arthur Monteiro, Digital ABC, 04/06/2009)