O Paraguai considerou "insuficiente" a contraproposta do Brasil sobre sua demanda de venda direta de energia no mercado brasileiro. "É insuficiente. Queremos uma integração de verdade. O Paraguai não deseja caridade", disse ao Valor o diretor paraguaio de Itaipu, Carlos Mateo. O país vizinho quer autorização do Brasil para a estatal Ande (Administração Nacional de Energia) comercializar a parcela paraguaia de energia de Itaipu no mercado brasileiro. O governo do Brasil não concorda, porque avalia que essa mudança quebraria as regras do tratado.
O Brasil ofereceu como contraoferta permitir que a Ande venda no país a energia de outras hidrelétricas paraguaias, como Icaraí e Iguassu - esta última ainda está em construção. Quando as obras estiverem finalizadas, significaria cerca de 1,3 mil megawatts de energia hora e uma receita adicional de cerca de US$ 50 milhões para o Paraguai. Mateo disse que é um montante muito pequeno quando comparado com Itaipu e que essa energia não é contínua, mas intermitente, o que dificultaria bastante os negócios para o país no mercado livre. A hidrelétrica de Itaipu produz, por ano, cerca de 90 mil gigawatts de energia.
Negociadores paraguaios e brasileiros se reuniram nesta quinta (04/06) em Assunção para tentar avançar nas discussões. Havia uma grande expectativa em relação a reunião na mídia paraguaia, inclusive com declarações de otimismo dos representantes do governo do presidente Fernando Lugo de que um acordo estaria próximo.
Segundo Mateo, a questão da venda direta de energia não foi discutida hoje (05) a pedido do Brasil e uma nova reunião deve ocorrer em breve, mas ainda não há data marcada. Ontem foram discutidos questões como tarifas, transferências e construção de obras civis na usina, sem conclusões.
(Por Raquel Landim, Valor Econômico, 05/06/2009)