A acidificação dos oceanos, resultado direto do aumento de emissões de CO2, está causando grandes impactos nos ecossistemas marinhos, e isto, certamente, trará grandes prejuízos para a indústria pesqueira, também impactando a economia e a oferta de emprego no setor. Pressão pesqueira já reduz vida nos oceanos a nível ‘insustentável’. Os estoques pesqueiros estão em declínio desde 1980 e a sobrepesca pode ser relacionada a 100% dos casos de extinção marinha.
A utilização intensiva de combustíveis fósseis e o desmatamento aumentaram a concentração de CO2 na atmosfera em mais de 40%, alterando o equilíbrio químico dos oceanos, resultando na acidificação de suas águas superficiais. Isto, associado, a redução dos estoques pesqueiros pela sobrepesca e desperdídio, poderá levar o setor a uma crise sem precedentes.
O Estudo “Anticipating ocean acidification’s economic consequences on commercial fisheries“, publicado na edição online da revista Environmental Research Letters, de 01/06/2009, sugere uma série de medidas para ‘gerenciar’ o impacto da redução dos estoques pesqueiros e seus impactos na industria pesqueira e outras atividades comerciais associadas, tais como supermercados, redes distribuidoras, indústria alimentícia e restaurantes.
Os pesquisadores estimam que a industria pesqueira tenha um grande significado global em termos de geração de empregos. Em Nova Iorque a cadeia produtiva associada à pesca empregava, em 1999, quase 70 mil pessoas e, em termos de vendas, no ano de 2007, equivalia a US$ 5,1 bilhões. Na Inglaterra a indústria pesqueira emprega 13 mil pescadores, com um faturamento anual de 645 milhões de libras. O cenário de crise não deverá ser diferente no Brasil e também precisamos iniciar o desenvolvimento de medidas de mitigação dos impactos da acidificação dos oceanos, visando preservar, na medida do possível, o trabalho e a renda de milhares de pescadores.
O artigo “Anticipating ocean acidification’s economic consequences for commercial fisheries“, publicado na Environmental Research Letters, 4 (1 June 2009) 024007, doi:10.1088/1748-9326/4/2/024007, está disponível para acesso integral, no formato HTML. Para acessar o artigo clique aqui.
Para informações adicionais trancrevemos, abaixo, o abstract:
Anticipating ocean acidification’s economic consequences for commercial fisheries
Sarah R Cooley,2 and Scott C Doney
Woods Hole Oceanographic Institution, Woods Hole, MA 02543, USA
2 Address for correspondence: Woods Hole Oceanographic Institution, Clark, MS #25 Woods Hole, MA 02543, USA
E-mail: scooley{at}whoi.edu
Received 14 January 2009
Accepted 8 May 2009
Published 1 June 2009
Abstract.
Ocean acidification, a consequence of rising anthropogenic CO2 emissions, is poised to change marine ecosystems profoundly by increasing dissolved CO2 and decreasing ocean pH, carbonate ion concentration, and calcium carbonate mineral saturation state worldwide. These conditions hinder growth of calcium carbonate shells and skeletons by many marine plants and animals. The first direct impact on humans may be through declining harvests and fishery revenues from shellfish, their predators, and coral reef habitats. In a case study of US commercial fishery revenues, we begin to constrain the economic effects of ocean acidification over the next 50 years using atmospheric CO2 trajectories and laboratory studies of its effects, focusing especially on mollusks. In 2007, the $3.8 billion US annual domestic ex-vessel commercial harvest ultimately contributed $34 billion to the US gross national product. Mollusks contributed 19%, or $748 million, of the ex-vessel revenues that year. Substantial revenue declines, job losses, and indirect economic costs may occur if ocean acidification broadly damages marine habitats, alters marine resource availability, and disrupts other ecosystem services. We review the implications for marine resource management and propose possible adaptation strategies designed to support fisheries and marine-resource-dependent communities, many of which already possess little economic resilience.
(Henrique Cortez Weblog, 02/06/2009)