O segmento nacional de tratamento de resíduos industriais não aproveitáveis experimentou um crescimento acelerado nos últimos anos, atingindo, em 2007, o dobro do volume processado em 2004, que era de cerca de 3 milhões de toneladas. O incremento coincidiu com o período em que o Brasil “veio atingindo uma situação de maior conformidade ambiental”, relatou nesta quarta (03/06) à Agência Brasil o presidente da Associação Brasileira das Empresas de Tratamento de Resíduos (Abetre), Diógenes Del Bel.
Segundo ele, apesar disso, ainda há muito resíduo destinado de modo irregular e precário no país. À medida que esse material descartado, por não ter mais uso, vai para as empresas que prestam serviço especializado e adequado, o montante vai crescendo, conforme Del Bel. Com a crise internacional, houve uma redução na geração de resíduo industrial, embora a quantidade não seja tão significativa, de acordo com cálculos da Abetre. “A gente espera ainda manter um crescimento em relação aos anos anteriores”.
No ano passado, o volume processado pelo setor de destinação final de resíduos não aproveitáveis somou mais de 7 milhões de toneladas. Apesar de nos primeiros meses de 2009 ter sido registrada redução no volume de resíduos, o presidente da Abetre estima que o ano deverá fechar com uma quantidade de 8 milhões de resíduos industriais processados.
Em relação aos resíduos urbanos, Del Bel explicou que sua destinação é dada em grande parte pelos municípios. “E eles colocam em aterros municipais de todos os tipos, desde lixões até aterros sanitários adequados”. A destinação mais comum para resíduos urbanos e industriais não perigosos no Brasil são os aterros sanitários. Outros tratamentos incluem o coprocessamento em fornos de produção de cimento, incineração, tratamentos biológicos para solos contaminados, descontaminação de transformadores e de lâmpadas. Há, ainda, tecnologias que tratam da recuperação e reciclagem de óleos lubrificantes.
Segundo Del Bel, o Brasil possui 160 empresas que tratam resíduos sólidos. O número é pequeno em comparação a outros países. No Reino Unido, por exemplo, existem cerca de 300 empresas somente para dar destinação final a resíduos eletroeletrônicos. O lixo inaproveitável gerado no Brasil provém tanto das empresas como do lixo doméstico. “E nós precisamos agregar a esse lixo uma série de medidas de proteção. Isso é feito por empresas especializadas. É uma atividade que demanda tecnologia, demanda capacidade gerencial e empreendedora. E isso vem sendo implantado no Brasil por exclusiva iniciativa do setor privado”, disse Del Bel.
O presidente da Abetre destacou que trata-se de uma cadeia produtiva complexa. “E isso ainda está em desenvolvimento no Brasil”. Segundo ele, o Poder Público até hoje não traçou nenhuma estratégia ou medida visando a dotar o Brasil de um parque de empresas de tratamento de resíduos, de qualquer tipo que seja.
(Por Alana Gandra, com edição de Lana Cristina, Agência Brasil, 03/06/2009)