Escassez de guias e fiscais ameaça o Itapuã, um dos mais importantes recantos ecológicos do RS
Um dos maiores recantos naturais intocados da Região Metropolitana e palco de batalhas da Revolução Farroupilha, o Parque Estadual de Itapuã padece com o esquecimento. O passeio por trilhas em meio à mata, morros e praias de água doce não conta com acompanhamento e orientação de guias. Outro problema é a falta de pessoal e embarcações para fiscalizar a pesca e a caça ilegal.
Do tamanho de 5,5 mil campos de futebol, o parque situado em Viamão é voltado à preservação da biodiversidade, à pesquisa científica e à educação ambiental. A área é refúgio de espécies como bugio, capivara, graxaim, coruja, aranha e borboleta. Além de belas paisagens, o local guarda vestígios de combates entre farroupilhas e imperialistas no século 19.
Se as belezas naturais compensam o deslocamento até o parque, localizado a 57 quilômetros do centro de Porto Alegre, o atendimento deixa a desejar. Estruturas construídas para abrigar restaurantes, bares e um centro para pesquisadores, com alojamento e laboratório, estão em bom estado de conservação, mas vazias. As quatro trilhas interpretativas estão fechadas ao público por tempo indeterminado por falta de guias.
– O parque está funcionando precariamente: as trilhas, as pesquisas e a educação ambiental estão paradas – queixa-se Carlos Alberto Mancio, vice-presidente do Conselho Consultivo do Parque Estadual de Itapuã.
Devido à falta de pessoal, a maioria das guaritas espalhadas pela área fica desocupada. Há relatos de pesca e caça ilegal. Na Praia da Pedreira, de onde é possível observar a uma distância de dois quilômetros um farol concluído em 1860 – no encontro das águas do Guaíba e da Lagoa dos Patos – lixeiras estão depredadas.
Parte dos banheiros está sem manutenção e limpeza desde o fim do ano passado, quando se encerrou o contrato com a empresa responsável pelo serviço. Antes das demissões, o parque era o maior empregador da Vila de Itapuã, segundo Inácio Bueno de Camargo, diretor do Departamento de Turismo da prefeitura de Viamão.
Para os pesquisadores, a falta de estrutura de apoio dificulta a realização de estudos:
– Já houve vezes em que não tivemos autorização para fazer trabalhos à noite, o que torna inviável estudos com morcegos. Sem o funcionamento do alojamento a saída é ficar ao relento, trazer barracas ou não fazer pesquisas – comenta a bióloga Helena Romanowski, coordenadora da Pós-Graduação em biologia animal do Instituto de Biociências da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
Segundo ele, o parque está no período de baixa temporada de visitação, o que requer o agendamento prévio da presença de guias. Além disso, a infraestrutura do parque receberá melhorias com investimento de R$ 600 mil e a contratação de oito novos servidores até o fim do ano.
(Zero Hora, 04/06/2009)