Estimativa de prejuízo com estiagem chega a R$ 2 biDepois de muita pressão, o governo federal anunciou ontem mais R$ 49 milhões para os agricultores gaúchos atingidos pela seca. Mas nem mesmo o reforço da verba emergencial, tão aguardada por produtores e prefeitos, promete acalmar os ânimos e cessar os protestos que recomeçaram ontem no interior do Estado.
Um dos objetivos das manifestações é despertar a atenção da sociedade para os prejuízos do campo e os seus reflexos na economia dos municípios.
– A ajuda é insuficiente. Apenas 10% dos agricultores familiares atingidos pela seca serão beneficiados pelas medidas – reforça o coordenador geral da Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar (Fetraf-Sul), Altemir Tortelli.
Seis meses de chuva escassa deixaram um rombo de mais de R$ 2 bilhões na produção de leite, soja, milho e feijão no Estado, calcula a Fetraf-Sul.
O reforço financeiro vai permitir ao governo ampliar de R$ 1,5 mil para R$ 2 mil a linha de crédito emergencial às famílias que tiveram perdas nas lavouras. O agricultor terá dois anos para quitar o financiamento, com juros de 0,5% ao ano. Para entrar em vigor, a medida depende da aprovação do Conselho Monetário Nacional (CMN), que deve se reunir em sessão extraordinária na próxima semana. O CMN também precisa autorizar a venda do milho para ração abaixo do preço de mercado aos produtores de leite em dificuldade para alimentar os animais.
Questionado se não seria tarde para a chegada do grão, o ministro interino do Desenvolvimento Agrário, Daniel Maia, disse que a oferta do produto não depende apenas da decisão do CMN, mas também do transporte do milho, que está indo do Centro-Oeste para o Rio Grande do Sul.
– Vai casar uma coisa com a outra: o crédito estará disponível no momento em que também estará disponível o milho ao preço mínimo de venda ao agricultor – afirma Maia.
Os pequenos produtores que não tinham seguro também terão descontos de até 30% para quitar a parcela referente a 2009 do custeio da safra. Para isso, agricultor precisa ir ao banco até 1º de agosto e fazer o pedido.
(Zero Hora, 04/06/2009)