Além de cumprir seis mandados de prisão temporária de políticos e madeireiros por suspeita de crime ambiental, a operação Angustifolia culminou no embargo de 16 empresas, sendo 15 delas na região Centro-Sul do Paraná e uma na capital paulista. O advogado Roberto Machado Filho, que representa quatro empresas embargadas, calcula que o prejuízo em apenas uma delas será de R$ 500 mil por dia. Para Machado, a interdição foi um absurdo. “Para que os fiscais pudessem entrar nas empresas era preciso interditá-las?”, questiona.
A decisão do desembargador Amaury Chaves de Athayde, do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, em Porto Alegre (RS), é de que as atividades de beneficiamento da madeira sejam suspensas por 15 dias para que a fiscalização possa ser feita sem transtornos. Além disso, também foram decretadas a quebra de sigilo fiscal e a busca e apreensão de produtos com suspeita de irregularidade.
Foram interditadas as empresas: Cavapar, Madegal, CDS, Randa, Wimad, Miguel Fortes, Jonilson Montoski, Guararapes, Solt, Jomade, Novacki, Pizzatto, Madsul, Girotini e Gráfica Formato. Na capital paulista, a polícia interditou na Madepar, que pertence aos empresários Wilson, Wilson Eduardo e André Dicenha. Os três também foram presos na operação. A empresa foi procurada, mas não deu retorno à reportagem.
O deputado federal Luciano Pizzatto (DEM-PR) diz que lamenta o fato de a operação ter levado constrangimento à sua família, proprietária de uma das empresas embargadas. “A fiscalização sempre é bem-vinda quando se encontra algo errado, porque ajuda você a melhorar. Mas no caso da empresa dos meus familiares, foram centenas de horas de fiscalização e nada foi encontrado até o momento”, considera.
Machado – que também defende o prefeito de General Carneiro, Ivanor Dacheri (PSB) e o presidente da Câmara da mesma cidade, José Cláudio Maciel (PSB) – afirmou que a operação falhou ao não dar acesso aos advogados de defesa ao inquérito. O advogado Júlio César Oliveira, que representa o vice-prefeito de Coronel Domingos Soares, Volnei Barbieri (PSDB), reclamou que não conseguiu nem mesmo falar com o cliente. O delegado da PF, Rubens Lopes da Silva, informou que os advogados chegaram depois só no final da tarde, depois do horário de expediente, quando os depoimentos já haviam sido tomados.
(Por Maria Gizele da Silva, Gazeta do Povo, 03/06/2009)