Prefeito de General Carneiro é acusado de participação em esquema ilegal de desmatamento no Centro-Sul do Paraná
O prefeito de General Carneiro, Ivanor Dacheri; o presidente da Câmara Municipal, José Claudio Maciel, e o vice-prefeito de Coronel Domingos Soares, Volnei Barbieri, além de três empresários foram presos nesta terça (02/06), acusados de comandarem um esquema de desmatamento na Região Centro-Sul do Paraná. As ações fazem parte da operação Angustifolia, que concentra duas centenas de agentes da Polícia Federal e do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis) há dez dias em 14 cidades paranaenses. Em março, uma série de reportagens publicada pela Gazeta do Povo apresentou o caso de desmatamento sistêmico na região e em particular a articulação de forças políticas para dar suporte a ações irregulares.
As prisões aconteceram, simultaneamente, no início da manhã de ontem em seis cidades do Paraná e na capital paulista. O prefeito de Bituruna, Remi Ranssolin, não foi localizado em casa e já é considerado, depois de um dia de buscas, como foragido. Os presos teriam cometido, na avaliação da PF, 15 tipos de delitos – entre ambientais, penais e financeiros – que poderão somar várias dezenas de anos de prisão. Entre os crimes estão formação de quadrilha, falsificação de documentos, corrupção e desmate irregular. A próxima fase é a análise de toda a documentação apreendida.
A operação foi integrada também por auditores da Receita Federal, que recolheram notas fiscais e computadores para avaliar se há casos de sonegação fiscal, enriquecimento ilícito, caixa 2 e outras irregularidades. O laudo deve ser apresentado em 45 dias. Também equipes do Ministério Público do Trabalho estão acompanhando a força-tarefa para analisar a regularidade na contratação de funcionários. Três armas, sem porte legal, foram localizadas durante a operação.
Juntos, os dois prefeitos e o vice, que são madeireiros, já foram autuados em mais de R$ 1 milhão por danos ambientais. Em comum, eles clamaram, nos últimos meses, para que as fiscalizações fossem minimizadas. O argumento dos três políticos é de que as cidades dependem economicamente do setor madeireiro. O delegado-chefe de repressão aos crimes ambientais da Polícia Federal, Rubens Lopes da Silva, conta que durante os depoimentos ontem eles não demonstraram arrependimento e disseram que o que fazem não é crime.
(Por Katia Brembatti, Gazeta do Povo, 03/06/2009)