Na próxima quinta-feira (04/06) produtores apícolas do Uruguai realizarão uma manifestação em frente à sede do Ministério de Pecuária, Agricultura e Pesca (MGAP, sigla em espanhol) para denunciar a situação que atualmente estão passando os apicultores no país. A intenção da mobilização é defender as fontes de trabalho dos produtores e lutar pela preservação do meio ambiente.
De acordo com comunicado divulgado pela Sociedade Apícola Uruguaia (SAU), de julho de 2007 a agosto de 2008, os apicultores perderam 81 mil colmeias, o que "significou uma perda parcial ou total dos investimentos de mais de mil famílias". Dentre as causas dos prejuízos estão: aumento dos custos de produção, mortes das colmeias por agrotóxicos, expulsão dos apicultores dos campos, perda das fontes de alimento para as abelhas, e fatores climáticos.
No ato de quinta-feira, a SAU pretende, principalmente, alertar as autoridades sobre os danos causados pelo uso indiscriminado de agrotóxicos. "Permitiram a expansão incontrolada e explosiva de cultivos cujo manejo implica o uso indiscriminado e muitas vezes fora da lei de inseticidas e herbicidas que, nas últimas duas safras, matou e dizimou milhares de colônias de abelhas, deixando sem fonte de trabalho dezenas de famílias", comenta no comunicado.
Além disso, os apicultores explicam que o uso dos agrotóxicos não prejudica somente os produtores de mel, mas também o meio ambiente, pois mata ainda peixes, aves e mamíferos que vivem em regiões próximas. Segundo o comunicado do grupo, autorizou-se o uso de inseticida com altas taxas componentes tóxicos e que deixam resíduos no meio ambiente. "Por exemplo, não pode haver abelhas em um raio de 4km do local de aplicação de fipronil [tipo de inseticida] por aspersão durante um mês. Este inseticida gera, ao desintegrar-se, substâncias que mantêm sua toxicidade até um ano nos solos e águas que os contêm", lembram.
Dessa forma, os produtores lutam para que o Estado uruguaio proíba o uso de inseticidas, agrotóxicos e outras substâncias que, além de poluírem o meio ambiente e de prejudicarem a saúde humana, ainda "destroem de forma abusiva as fontes de trabalho familiar e põem em risco a exportação dos produtos das colmeias".
Além disso, exigem que o governo impeça a destruição massiva da biodiversidade vegetal e animal da região e que disponha de recursos para compensar os apicultores que tiveram as produções prejudicadas. "As causas fundamentais da situação de catástrofe que vive a apicultura nacional surgiram pela atitude contemplativa e permissiva do MGAP, cujas decisões terminaram favorecendo as grandes empresas agropecuárias e arrasando os pequenos produtores familiares", argumentam.
(Adital, 02/06/2009)