Os empreendedores que têm projetos eólicos para o Brasil ficaram descontentes com as diretrizes do leilão, que acontecerá em novembro, publicadas na sexta-feira (29/05) pelo Ministério de Minas e Energia. Segundo o diretor-geral do Grupo Fortuny, Hernán Saavedra, o principal problema verificado foi que só será aceita a importação de aerogeradores que apresentem potência nominal superior a 2 MW.
"Isso vai atrapalhar cerca de 90% dos empreendimentos que estão sendo planejados", afirma Saavedra. Ele adianta que os agentes do setor eólico se unirão para tentar convencer o ministério a rever a questão do limite da importação de equipamentos antes da realização do leilão. O certame foi estabelecido pelo governo federal para que sejam concretizados os complexos eólicos que apresentarem o menor custo de geração de energia.
Antes da criação do leilão, os projetos eólicos eram viabilizados através do Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia (Proinfa). Saavedra lembra que o alto índice de nacionalização já foi um empecilho para que alguns parques eólicos fossem realizados no âmbito do Proinfa. O coordenador do Grupo Temático de Energia da Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs), Carlos Faria, ressalta que diminuirá as opções de oferta de equipamentos com a restrição da importação. Esse fato, argumenta Faria, poderá obrigar as empresas a adquirirem aerogeradores mais caros do que a média do mercado.
O Saavedra também manifesta uma dúvida sobre se a indústria nacional terá capacidade para atender à demanda que será formada pelas novas usinas eólicas. O gerente-geral administrativo da Wobben Windpower, Fernando Scapol, acredita que a intenção do governo foi de incentivar o mercado de máquinas de menor porte no País. Scapol diz que a indústria nacional tem tecnologia e capacidade de produção para atender às necessidades das empresas eólicas.
No entanto, ele prefere não revelar a capacidade de produção de aerogeradores da Wobben no Brasil, por se tratar de uma informação sigilosa. A empresa possui fábricas em Sorocaba (SP) e em Pecém (CE). Atualmente, a companhia produz máquinas de 0,8 MW a 2 MW de capacidade. No entanto, até o final do ano deverá estar apta a fabricar equipamentos de até 2,4 MW.
(Jornal do Comércio / PortoGente, 01/06/2009)