Um novo estudo [Chronic Exposure to the Herbicide, Atrazine, Causes Mitochondrial Dysfunction and Insulin Resistance], publicado na PLos One, mostra que ratos submetidos à exposição prolongada ao agrotóxico atrazina tiveram sobrepeso quando alimentados com dieta normal e obesidade quando alimentados com dietas de alto teor de gordura. Estas condições de saúde podem levar à diabetes e podem ser responsáveis por danos às estruturas críticas nas células responsáveis pela elaboração de energia. Os resultados sugerem um novo mecanismo para explicar resultados de estudos anteriores que encontraram uma associação entre as áreas dos Estados Unidos com pesada aplicação de atrazina e a alta prevalência de obesidade.
Para os primeiros meses de estudo os ratos expostos à atrazina e alimentados com dieta normal pesaram o mesmo. No entanto, ao final do estudo, os ratos alimentados com a dieta normal, expostos à água potável com resíduos de atrazina, ficaram 5% mais pesados do que os ratos não expostos ao agrotóxico. Os ratos expostos à atrazina, que foram alimentados com a dieta com alto teor de gordura ficaram 10% mais pesados do que os que não foram expostos mas que foram alimentados com a mesma dieta com alto teor de gordura. Não foram observadas diferenças no consumo alimentar e no nível de atividade entre os grupos de ratos.
A gordura visceral, ou a gordura que envolve os órgãos do corpo, bem como a gordura dentro dos próprios órgãos, foi a razão para o excesso de peso. Os ratos expostos à atrazina foram mais resistentes à insulina e os níveis de glicose e insulina em ambos foram significativamente maiores do que nos ratos não expostos à atrazina. Ensaios de atividade mitocondrial mostrou que a atrazina atuou diretamente , prejudicando o funcionamento das mitocôndrias.
O excesso de gordura em seres humanos é atualmente uma ‘epidemia’ nos Estados Unidos e está associada a doenças cardiovasculares, diabetes e uma série de outros problemas. Embora as concentrações de atrazina utilizadas neste estudo fossem inferiores aos limites tolerados na água potável (3 microgramas por litro), a dose de baixa concentração utilizada neste estudo foi de mais de 10 mil vezes menor do que a dose necessária para causar efeitos reprodutivos, de acordo com outros estudos em ratos e está no intervalo das doses requeridas para aumentar o risco de câncer em células humanas (Wetzel et al. 1994; Sanderson et al., 2000).
(Henrique Cortez Weblog, 30/05/2009)