Informado das declarações do ministro Carlos Minc (Meio Ambiente), o diretor-geral do Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte), Luiz Antônio Pagot, disse que esse "barulho" ocorre por "puro corporativismo". Em resposta à afirmação do ministro de que "Dnits da vida" vão ao Congresso derrubar a legislação ambiental, afirmou: "Esse não é o comportamento do Dnit. Refutamos isso". Sobre um eventual desmatamento para a BR-319, Pagot disse "que o ministro não está acostumado a olhar no mapa, a equipe dele não está lhe passando a informação correta, porque não existe desmatamento nenhum naquela área."
O Ministério da Agricultura não comentou as declarações do ministro. Deputados e senadores da bancada ruralista, inclusive da base aliada, defenderam nesta quinta (28/05) a convocação de Minc na Comissão de Agricultura da Câmara. Eles exigem explicações formais do ministro, que anteontem chamou os parlamentares do setor de "vigaristas". A Frente Parlamentar Ruralista informa em seu site ter 208 deputados (143 da base e 64 da oposição e 1 sem partido) e 35 senadores (20 da base e 15 da oposição).
Já a Frente Ambientalista diz ter 323 deputados (não divide entre base e oposição) e 12 senadores (9 da base e 3 da oposição). Os números podem estar superestimados pois muitos deputados são listados por afinidades com o tema, e não por atuação efetiva. Alguns chegam a ser citados nas duas frentes.
A CNA (Confederação Nacional de Agricultura) divulgou nota informando que ingressará na Comissão de Ética Pública do governo com denúncia pública contra o ministro. Segundo a presidente da CNA, senadora Kátia Abreu (DEM-TO), Minc pode ser enquadrado na lei pois "procedeu de modo incompatível com a dignidade, honra e decoro do cargo". A ex-ministra do Meio Ambiente, senadora Marina Silva (PT-AC) e o ministro Mangabeira Unges não foram localizados (Assuntos Estratégicos).
(Folha de S. Paulo, 29/05/2009)