Lucile Moura, presidente da Empresa de Gestão de Recursos do Piauí, responsável pela barragem, disse nesta quinta (28/05) que engenheiros consultados afirmaram que "nenhuma obra de engenharia do mundo" aguentaria a quantidade de chuva registrada. "Para não fazer nenhum julgamento, ontem [anteontem] choveu 106 mm [para todo o mês estava previsto 140 mm] na região da barragem, por quatro horas seguidas. Estávamos com oito dias sem chuva e, de repente, vem uma chuva dessas."
Segundo ela, o engenheiro Luiz Hernani deu um parecer sobre a situação há 15 dias. "Ele falou para aumentar o tamanho do dique e fazer uma rampa de acesso. Nós fizemos isso tudo. Na quinta-feira passada, ele deu um parecer técnico dizendo que não havia mais risco de romper e que as famílias poderiam voltar às suas casas." A reportagem telefonou para o engenheiro ontem à tarde, mas ele desligou o celular depois de ser informado de que se tratava de uma entrevista para que comentasse o laudo dado e o rompimento de parte da barragem.
Lucile Moura disse ainda que as pessoas mais atingidas pela inundação causada pelo rompimento de parte da barragem foram as que moram "mais distantes do rio (Pirangi], porque criaram uma ilusão de que não seriam atingidas", ao justificar a permanência desses moradores em suas casas. Ela afirmou que há fissuras nas paredes da barragem. "Existem por infiltração há alguns anos. Todo ano é feita uma injeção [de concreto] nessas fissuras."
O governo disse que "a prioridade neste momento é resgatar e proteger as famílias que estão em áreas isoladas". Ao menos cem militares, entre policiais e bombeiros, foram deslocados para a região.
(Por Matheus Magenta e José Eduardo Rondon, Folha de S. Paulo, 29/05/2009)