Depois dos atrasos e do encarecimento do projeto em 160%, o grupo alemão ThyssenKrupp enfrenta outro revés para concluir a construção da CSA (Companhia Siderúrgica do Atlântico), no Estado do Rio, em sociedade com a Vale: a falta de dinheiro. Atingido pela crise, a empresa pede socorro à sócia para concluir as obras. A Vale tem 10% de participação na usina -um projeto de 4,5 bilhões. E estuda ampliar a participação, a pedido dos sócios. A Folha apurou que a ampliação pode chegar a 30%. O aumento da participação da Vale é parte da estratégia da Thyssen para reduzir o impacto no consumo mundial de aço para os negócios da siderúrgica, disse o presidente mundial da empresa à revista alemã "Manager Magazin".
Com perdas de 215 milhões nos seis meses terminados em março (ante lucro de 1,6 bilhão em igual período do ano anterior), a siderúrgica enfrenta dificuldades com a queda na demanda mundial por aço. "A Thyssen está em um dos piores mercado, o europeu, em que a demanda não dá sinais de reação", diz Antônio Emílio Ruiz, analista do Banco do Brasil. Embora tenha cortado investimentos, resultado de queda de mais de 30% nas vendas de minério de ferro às siderúrgicas, a Vale está em situação mais confortável.
Anunciada em 2004, a CSA terá capacidade de produção de 5 milhões de toneladas de placas. O orçamento inicial era de US$ 2,4 bilhões. Com o aquecimento do mercado antes da crise, o custo subiu para 4,5 bilhões. O cronograma previa o início da produção em 2008. O projeto teve problemas ambientais, trabalhistas e de execução, e atrasou um ano. Devido ao encarecimento do projeto, a Thyssen foi questionada pelos acionistas da empresa, na Alemanha.
(Por Samantha Lima, Folha de S. Paulo, 29/05/2009)